Pelo menos 14 eventos violentos e 28 mortos no final de julho em Cabo Delgado

A província moçambicana de Cabo Delgado registou pelo menos 14 eventos violentos no final de julho, essencialmente envolvendo extremistas ligados ao Estado Islâmico, com 28 mortos, segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED).

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Lusa
20/08/2025 14:55 ‧ há 3 horas por Lusa

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Cabo Delgado

De acordo com o mais recente balanço do ACLED, relativo ao período de 14 de julho a 03 de agosto, dos 2.142 eventos violentos registados desde 01 de outubro de 2017, quando começou a insurgência, , um total de 1.969 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).

 

Estes ataques provorcaram no total 6.151 mortos, refere-se.

Segundo a mesma fonte, por volta do dia 15 de julho, grupos de extremistas "deslocaram-se para o sul, partindo de Macomia, passando pelos distritos de Quissanga e Ancuabe e chegando ao distrito de Chiúre", encontrando "resistência apenas da milícia naparama [guerrilheiros tradicionais], dos quais mataram pelo menos 14".

"A operação deslocou quase 50.000 pessoas em sete dias no distrito de Chiúre. Os movimentos e ataques contínuos do EIM no norte da província indicam que a deslocação para Chiúre foi mais tática do que uma fuga. Além de sobrecarregar o exército moçambicano, uma campanha de propaganda contínua ligada à operação manteve o EIM na mira da opinião pública como uma força no norte de Moçambique", lê-se no relatório daquele projeto, que monitoriza a situação local.

A recente onda de violência naquela província rica em gás já provocou desde a última semana de julho mais de 57.000 deslocados, de acordo com agências no terreno, sobretudo no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado.

"A entrada do EIM nos distritos de Ancuabe e Chiúre, em finais de julho, é a quarta incursão [...] no sul da província de Cabo Delgado desde o início de 2024. O avanço de julho, tal como os anteriores, não encontrou resistência por parte das forças do Estado e apenas uma resistência simbólica por parte das milícias, um fracasso reconhecido pelo Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume", lê-se ainda no relatório do ACLED.

Acrescenta-se que, "tal como nas campanhas anteriores", esta operação "caraterizou-se por ataques a civis e uma forte campanha de propaganda com ataques a alvos cristãos".

"O avanço do EIM em direção a Chiúre e a sua capacidade de aí permanecer durante pelo menos sete dias é surpreendente, tendo em conta que o campo de Macarara das FADM [Forças Armadas e de Defesa de Moçambique] e o campo militar ruandês, situado nas proximidades, ficam a apenas 50 quilómetros da sede do distrito de Chiúre, por estrada, no distrito de Ancuabe. Os reforços das FADM só chegaram a 03 de agosto", aponta.

Reconhece ainda que a situação "pode ilustrar o quão sobrecarregadas estão as suas forças e o seu apoio logístico no norte de Moçambique".

"Dado que esta é a quarta incursão em 18 meses, a fé dos residentes de Chiúre na capacidade do Estado para os proteger deve estar a ser duramente testada", admite o ACLED.

A maioria destes deslocados está neste momento concentrada em duas escolas da vila de Chiúre, estando a receber apoio humanitário de agências das Nações Unidas e das autoridades moçambicanas.

O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.

Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).

Leia Também: Respostas sobre quem ataca pode mobilizar moçambicanos, diz Mia Couto

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