Nos últimos três dias, registou-se um aumento dos ataques aéreos à capital daquele território palestiniano, após a aprovação pelo Governo israelita de um plano para tomar a cidade onde vive cerca de um milhão de pessoas.
O Ministério da Saúde de Gaza, onde o movimento islamita palestiniano Hamas está desde 2007 no poder, indicou que na segunda-feira foram mortos 100 civis em ataques israelitas em toda a Faixa de Gaza.
O porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Basel, afirmou num vídeo hoje divulgado que, "pelo terceiro dia consecutivo", Israel bombardeou as zonas de Zeitun e Sabra da cidade de Gaza.
A intensificação dos ataques começou no domingo, dia em que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu perante a comunicação social nacional e internacional a tomada da cidade de Gaza, aprovada dois dias antes pelo gabinete de segurança israelita.
Segundo Basel, os bombardeamentos israelitas de hoje a vários edifícios residenciais nos bairros de Zeitun e Sabra vitimaram membros das famílias Al-Hasri e Al-Susi.
Dentro da casa da primeira família, encontravam-se mais de 35 pessoas, indicou, e até agora foram recuperados 18 cadáveres, continuando as restantes pessoas desaparecidas, provavelmente sob os escombros.
Também houve vítimas mortais, embora o porta-voz não tenha precisado o número, da família Abu Kamil, cuja casa na cidade de Gaza foi igualmente bombardeada.
"O bairro de Zeitun é atualmente muito perigoso, e a ocupação israelita está a bombardeá-lo com todo o tipo de armamento", disse Basel, referindo que, por vezes, um único projétil pode destruir cinco casas de uma só vez.
Estas 18 mortes já confirmada juntam-se a outras 14 comunicadas à agência de notícias espanhola EFE por hospitais da Faixa de Gaza, na sequência de ataques israelitas ocorridos na noite passada em todo o enclave palestiniano.
Na cidade de Gaza, vários bombardeamentos durante a noite atingiram as casas das famílias Nadim (quatro mortos), Hosari (três mortos e cerca de 20 desaparecidos nos escombros) e Salmi (um morto e vários desaparecidos), segundo fontes da saúde.
Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
A guerra fez, até agora mais de 61.000 mortos, na maioria civis, e mais de 153.000 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, fazendo milhares de mortos e feridos.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), numa qualificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.
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