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Obama condena teoria racista e responsabiliza acesso fácil a armas

O mandato do antigo presidente norte-americano também ficou marcado por massacres em escolas e tentativas de dificultar o acesso a armas de fogo, que nunca conseguiu devido aos vetos dos republicanos.

Obama condena teoria racista e responsabiliza acesso fácil a armas
Notícias ao Minuto

18:25 - 17/05/22 por Hélio Carvalho

Mundo Buffalo

O antigo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou, esta terça-feira, o tiroteio em Buffalo, no qual foram mortas dez pessoas num ataque manchado por ódio racial e supremacia branca.

Através do Twitter, o ex-presidente pelo partido democrata, que liderou o país entre 2009 e 2017 ao longo de dois mandatos, apontou para a questão do acesso a armas automáticas e semiautomáticas no país.

"O tiroteio deste fim de semana em Buffalo oferece uma trágica recordação do preço que pagamos ao recusar limitar o fácil acesso a armas", afirmou Obama. 

O antigo líder norte-americano apontou ainda o dedo à teoria por trás das intenções do atirador, Payton Gendron, que terá deixado uma longa pegada digital na qual defendeu a morte de minorias étnicas. Gendron justificou o ataque com a teoria da substituição racial - uma teoria da conspiração racista e xenófoba, que afirma que o aumento de imigração ilegal e o casamento transracial irá diluir a população caucasiana e inclinar o país para a esquerda.

Obama apelou ao "repúdio nos termos mais fortes" da teoria que motivou o ataque de Gendron, um adolescente branco de 18 anos, por "políticos e figuras mediáticas que - fosse por ganhos políticos ou audiências televisivas - usaram as suas plataformas para promover e normalizar" a teoria e "outras teorias fortemente racistas e antissemitas".

O antigo presidente atira assim parte da culpa a canais conservadores como a Fox News e por alguns políticos norte-americanos: enquanto os primeiros promoveram conteúdos em que defendiam a teoria e outro tipo de conspirações racistas - nomeadamente através do líder de audiências em todo o país, Tucker Carlson -, os segundos usaram a imigração ilegal como argumento político (como a republicana Elise Stefanik, que tem estado sob críticas devido a comentários sugerindo substituição racial em 2019).

O apelo de Barack Obama surge durante a visita de Joe Biden a Buffalo, no qual o atual presidente irá classificar o evento como um ato terrorista e vai apelar a leis mais fortes sobre o uso de armas de fogo.

Não é a primeira vez que Obama reage a um tiroteio altamente polémico, com apelos para este tipo de legislação.

Em 2012, no final do seu primeiro mandato, os democratas liderados pelo então presidente norte-americano promoveram mais controlos e restrições para quem quer comprar e usar armas de fogo, na sequência do massacre na escola de Sandy Hook, no qual morreram 26 pessoas (20 eram crianças entre os seis e os sete anos de idade).

No entanto, o tiroteio acabou por não resultar em nova legislação a nível nacional, e houve até figuras de extrema-direita que ganharam reputação ao promover teorias da conspiração sobre o massacre. Alex Jones, um popular apresentador de rádio e figura proeminente nos média conservadores, foi processado pelos pais da vítima por acusá-los de usar os filhos como atores para retirar o direito à posse de armas aos norte-americanos.

Buffalo junta-se assim à lista de atentados com motivações raciais, especialmente contra minorias étnicas, depois de incidentes como a morte de uma mulher em Charlottesville, em 2017, depois de um comício neonazi; ou como uma série de tiroteios em salões de beleza em Atlanta, nos quais um homem matou oito pessoas, seis de descendência asiática.

Na semana, em Dallas, houve um novo ataque no qual as autoridades suspeitam de motivações de ódio racial, depois de uma pessoa ter disparado sobre um salão de beleza coreano, ferindo três mulheres. O ataque não matou ninguém, mas as autoridades estão a estudar a relação com outros dois tiroteios em estabelecimentos semelhantes, frequentados predominantemente por pessoas de descendência asiática.

Leia Também: EUA. Biden visita local do ataque, que irá classificar como terrorismo

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