"Ouçam, seus cobardes e canalhas! Exijo que me permitam comparecer ao julgamento do meu marido, tenho esse direito", escreveu Yulia Navalnaya na sua conta na rede social Instagram, classificando os novos processos como "ilegais e desonestos".

Navalny, que há um ano foi condenado a dois anos e meio de prisão, vai ser julgado, a partir de terça-feira, por duas novas acusações: fraude e desrespeito a um magistrado, podendo enfrentar mais de 10 anos de prisão.

O opositor da Presidência russa (Kremlin) deverá comparecer perante um tribunal de Moscovo através de videoconferência, a partir de uma cela situada na prisão onde está detido, que fica a cerca de 100 quilómetros de Moscovo.

Os seus familiares dizem que não foram autorizados a comparecer à audiência.

"As pessoas no Kremlin têm tanto medo dele que ele será o primeiro homem na Rússia a ser julgado diretamente da prisão. Querem escondê-lo à vista de todos, dos seus apoiantes e dos jornalistas", criticou Yulia Navalnaya.

Em 2020, Alexei Navalny passou vários meses na Alemanha para recuperar de um envenenamento por um agente neurotóxico do tipo Novitchok, pelo qual responsabiliza diretamente o Presidente russo, Vladimir Putin.

Considerado o principal opositor do Kremlin, Navalny foi preso em janeiro de 2021, quando regressava à Rússia, e condenado por um caso anterior de fraude, julgamento que classificou como político.

A condenação do opositor provocou uma chuva de críticas e novas sanções ocidentais contra Moscovo.

Neste novo julgamento, o Ministério Público russo acusa Navalny de ter desviado mais de 4,7 milhões de dólares (cerca de 4,1 milhões de euros) de doações que foram pagas às suas organizações, acusações puníveis com uma pena máxima de até 10 anos de prisão.

Navalny também poderá ser condenado até seis meses de prisão por um alegado "insulto" a um magistrado russo durante uma audiência em 2021.

Em junho de 2021, as principais organizações do opositor, em particular o Fundo Anticorrupção (FBK), foram qualificadas como "extremistas" pelos tribunais russos, decisão que levou ao seu encerramento e a processos judiciais contra muitos dos seus ativistas.

Em janeiro passado, o próprio opositor russo foi colocado na lista de "terroristas e extremistas" da Rússia.

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