Todas as sondagens confirmam que o Partido Socialista da Catalunha (PSC) ganhou terreno nas últimas semanas e vencerá as eleições de 12 de maio, podendo eleger entre 39 e 44 deputados (tem 33 atualmente). São precisos 68 para a maioria absoluta.

A Catalunha tem há 14 anos consecutivos governos nacionalistas e independentistas, com o PSC (estrutura regional do Partido Socialista espanhol, o PSOE, do primeiro-ministro Pedro Sánchez) a ambicionar voltar este ano ao executivo autonómico.

Mas para isso, segundo todas as sondagens, o candidato do PSC, Salvador Illa, ministro da Saúde de Espanha durante o primeiro ano da pandemia de covid-19, terá de fazer acordos de governo ou parlamentares com outros partidos.

Illa tem dito que só exclui negociar com partidos da extrema-direita e que é preciso esperar por domingo e ver o resultado dos votos.

Além da vitória dos socialistas, as sondagens publicadas hoje deixam a possibilidade de, pela primeira vez em décadas, os partidos independentistas não terem, no conjunto, a maioria absoluta dos deputados catalães.

Foi por causa da maioria absoluta formada pela soma de todos os partidos independentistas (tanto de direita como de esquerda) que na Catalunha houve sempre governos de forças separatistas e nacionalistas nos últimos 14 anos.

Estes partidos têm juntado os votos no parlamento regional para viabilizar governos de independentistas e nenhum nega a possibilidade de voltar a fazer o mesmo este ano.

Segundo todas as sondagens conhecidas hoje, o segundo partido mais votado no domingo será o Juntos pela Catalunha (JxCat, direita), do antigo presidente autonómico Carles Puigdemont, que vive fora de Espanha desde 2017 para fugir à justiça na sequência da declaração unilateral de independência proferida nesse mesmo ano.

Puigdemont, que é candidato nestas eleições, está a fazer a campanha a partir do sul de França, de uma localidade perto da fronteira, e poderá eleger entre 28 e 37 deputados (tem 32 atualmente).

A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), do atual presidente regional, Pere Aragonès, surge nas sondagens como terceiro partido mais votado e a possibilidade de eleger entre 21 e 26 deputados (menos do que os 33 que tem agora).

O terceiro partido independentista é a CUP - Candidatura de Unidade Popular (esquerda), para quem as sondagens estimam entre dois e oito deputados (menos do que os nove atuais).

A maioria das sondagens coincide, por outro lado, em que deverá entrar um novo partido independentista no parlamento regional, a Aliança Catalã, de extrema-direita, que tem a possibilidade de eleger entre um e quatro deputados.

Os outros partidos independentistas (JxCat, ERC e CUP) garantiram que, mesmo sendo uma força independentista, não estão disponíveis para acordos com a Aliança Catalã, por ser de extrema-direita.

A Aliança Catalã está desde o ano passado à frente de uma autarquia (Ripoll, com perto de 11 mil habitantes) e se se confirmarem as sondagens, o parlamento catalão será o primeiro em Espanha a ter duas forças de extrema-direita - a outra é o Vox.

O Vox, da extrema-direita espanhola, é hoje o quarto maior partido no parlamento catalão, com 11 deputados. As sondagens dizem que deverá eleger entre oito e 12 no domingo.

Quanto ao Partido Popular (PP, da direita espanhola) deverá passar dos atuais três deputados para entre dez e 15, segundo as sondagens.

Um outro partido tem ainda possibilidade de eleger deputados (entre quatro a seis), o Somar, da esquerda espanhola, que está na coligação do Governo de Espanha, com o PSOE, e será o parceiro natural dos socialistas catalães a partir de segunda-feira. Os dois partidos serão, porém, insuficientes para uma maioria absoluta.

O Governo PSOE/Somar liderado por Pedro Sánchez foi viabilizado, no parlamento espanhol, por oito partidos, entre eles, o JxCat e a ERC.

A ERC já disse que o resultado das eleições de domingo na Catalunha e eventuais acordos pós-eleitorais não põem em causa os compromissos assumidos em Madrid.

Quanto ao JxCat, Puigdemont ameaçou retirar o apoio ao Governo de Sánchez se os socialistas aceitarem os votos do PP para inviabilizarem um executivo regional liderado por independentistas, como aconteceu no ano passado na câmara municipal de Barcelona.

Com as sondagens a estimarem que não sairão maiorias claras destas eleições, as análises hoje em Espanha coincidem em que há grande possibilidade de bloqueio político na Catalunha a partir de domingo.

Em Espanha é proibido publicar sondagens nos cinco dias anteriores às eleições e não haverá mais estudos até domingo. Um dos conhecidos hoje revelou que perto de 40% dos eleitores estão ainda indecisos.

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