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Myanmar. Junta militar sem controlo total do país um ano depois do golpe

A junta militar, que tomou o poder em Myanmar, em 01 de fevereiro de 2021, continua sem conseguir controlar totalmente o país apesar da violência contra os opositores, que preparam protestos no primeiro ano do golpe.

Myanmar. Junta militar sem controlo total do país um ano depois do golpe
Notícias ao Minuto

09:18 - 30/01/22 por Lusa

Mundo Myanmar

Os generais birmaneses não esperavam uma resistência tão forte quando, há um ano, puseram fim a uma década de transição democrática no país, ao derrubarem o governo eleito da prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, depois de uma esmagadora vitória nas urnas da Liga Nacional para a Democracia (LND).

Suu Kyi, de 76 anos, mantida em local secreto e já condenada a seis anos de prisão, incorre em décadas de detenção em processos pendentes, acionados pela junta. Outros responsáveis da LND estão a cumprir pesadas sentenças.

Ao longo deste ano, as bolsas de rebelião multiplicaram-se, tendo a junta militar intensificado a repressão dos dissidentes.

De acordo com uma organização não-governamental (ONG) local, a Associação de Assistência aos Presos Políticos, cerca de 1.500 civis foram mortos e perto de 12 mil detidos, entre denúncias de violações, tortura, execuções extrajudiciais e massacres.

A frente anti-junta, liderada por milícias de cidadãos apoiadas por fações étnicas, está a crescer na região de Sagaing (centro) e no estado de Kayah (leste), onde o exército realizou bombardeamentos aéreos, esvaziando a capital, Loikaw, de grande parte dos residentes, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

Mais a sul, opositores encontraram refúgio num território controlado pelos rebeldes karens e palco de confrontos esporádicos. A norte, uma fação da etnia kachin disse já estar pronta a "cooperar com outros grupos para estabelecer uma democracia federal".

À crise política juntou-se a pandemia da covid-19 a pesar sobre a economia. Com uma inflação galopante e centenas de milhares de empregos que foram perdidos, o Banco Mundial apontou para um crescimento quase nulo este ano, depois de uma contração estimada em 18% em 2021.

Grupos internacionais, como o francês TotalEnergies, o norte-americano Chevron, o australiano Woodside e o norueguês Telenor, deixaram o país, ao mesmo tempo que mais de 300 mil civis estão deslocados, alguns refugiados na Índia e na Tailândia.

Observadores têm notado um aumento de atividades ilegais na região, principalmente tráfico de drogas sintéticas.

Até aqui, o regime no poder em Naypyidaw não foi perturbado pela ação da comunidade internacional - focada no Afeganistão, no Iémen e na Ucrânia - limitada a resoluções não vinculativas do Conselho de Segurança da ONU, um plano da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) de renovação do diálogo e sanções específicas de várias potências ocidentais.

Várias ONG, incluindo a Human Rights Watch, pediram à ONU para adotar um embargo ao armamento, recusado pela China e pela Rússia.

A junta prometeu um novo escrutínio em 2023, o que é considerado pouco credível perante o caos atual.

Para assinalar um ano de golpe, opositores apelaram, através de redes sociais, para a realização de greves silenciosas na terça-feira, por todo o país.

A resposta não se fez esperar: as autoridades advertiram que tais ações poderiam ser consideradas como alta traição, um crime punível com a pena de morte, de acordo com um comunicado publicado na semana passada na imprensa oficial.

Leia Também: Myanmar. ONU pede pressão internacional contra repressão da junta militar

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