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Quase 40% da população do Tigray sofre de "escassez alimentar extrema"

Quase 40 por cento da população do estado etíope do Tigray sofre de "escassez alimentar extrema", uma situação agravada pelo fraco acesso humanitário devido à falta de combustível e continuação dos combates, afirmou hoje o Programa Alimentar Mundial.

Quase 40% da população do Tigray sofre de "escassez alimentar extrema"
Notícias ao Minuto

12:15 - 28/01/22 por Lusa

Mundo Tigray

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) anunciou hoje que as organizações não-governamentais (ONG) humanitárias internacionais esgotaram as suas reservas de combustível e foram forçadas a "entregar a pé os poucos fornecimentos e serviços humanitários ainda restantes, na medida do possível".

De acordo com a última avaliação alimentar do Programa Alimentar Mundial (PAM), 83% da população do Tigray está exposta à insegurança alimentar, incluindo "13% das crianças tigray com menos de 05 anos", para além de que "metade das mulheres grávidas e lactantes sofre de subnutrição".

"As famílias estão a esgotar os meios para se alimentar, três quartos da população utiliza estratégias extremas para sobreviver", revelou a agência das Nações Unidas numa declaração.

"Os regimes alimentares estão a empobrecer cada vez mais, à medida que as reservas de alimentos se esgotam, e as famílias dependem já quase exclusivamente de cereais, ao mesmo tempo que limitam as porções e o número de refeições diárias", acrescentou o PAM.

A organização alerta ainda para o agravamento da situação alimentar nas regiões vizinhas de Amhara e Afar, também duramente atingidas pelos combates nos últimos meses.

"O PAM está a fazer tudo o que está ao seu alcance para assegurar que os nossos comboios de alimentos e medicamentos atravessem as linhas da frente", afirmou Michael Dunford, diretor regional da agência para a África Oriental, citado na declaração.

"Se as hostilidades persistirem, no entanto, todas as partes em conflito têm de concordar com uma pausa humanitária e a abertura de corredores para que os abastecimentos possam chegar aos milhões de pessoas sitiadas pela fome", acrescentou Dunford.

Tigray, um estado com seis milhões de habitantes, está sob o que a ONU classificou como um "bloqueio de facto" há já seis meses.

No passado domingo, Adis Abeba anunciou que iria permitir mais voos "para reforçar o transporte terrestre" de alimentos e medicamentos para este estado no norte da Etiópia.

Nas últimas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou não conseguir fazer chegar quaisquer fornecimentos médicos a Tigray desde 15 de julho de 2021.

A guerra no Tigray eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para aquele estado no norte do país, com a missão de retirar pela força os dirigentes locais da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há muitos meses.

O pretexto específico da invasão foi um alegado ataque das forças estaduais a uma base militar federal no Tigray, e a operação foi inicialmente caracterizada por Adis Abeba como uma missão de polícia, que tinha como objetivo restabelecer a ordem constitucional e conduzir perante a justiça os responsáveis pela sua perturbação continuada.

O conflito na Etiópia provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a ONU.

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