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EUA: Para a congressista Cori Bush, a luta contra os despejos é pessoal

Com milhões de americanos a serem ameaçados com despejos das suas habitações, a congressista democrata tornou a sua luta mais pública e dormiu as últimas noites em frente ao Capitólio. Pressão sobre a administração Biden resultou, e foi emitida uma nova moratória sobre despejos.

EUA: Para a congressista Cori Bush, a luta contra os despejos é pessoal
Notícias ao Minuto

16:40 - 04/08/21 por Fábio Nunes

Mundo Estados Unidos

Após o fim da proibição federal de despejos nos Estados Unidos devido à pandemia, desde segunda-feira milhões de americanos corriam o risco de serem despejados das suas casas. Com a economia americana a iniciar uma lenta e sobressaltada recuperação, milhões de pessoas acumulam atrasos no pagamento das rendas.

Perante esta situação, a administração Biden argumentou numa primeira fase que não tinha autoridade legal para prolongar a moratória sobre os despejos. Uma derradeira tentativa para passar a legislação no Congresso também não foi bem sucedida na passada sexta-feira, antes do interregno de agosto nos trabalhos no Capitólio.

Quando muitos legisladores deixaram Washington DC para aproveitarem as suas férias e perante o risco de milhões de americanos serem despejados, uma congressista não só ficou na cidade como fez um protesto que gerou a atenção mediática necessária para pressionar o governo de Joe Biden a agir.

Cori Bush, democrata eleita pelo estado do Missouri, dormiu desde a passada sexta-feira numa das escadarias do Capitólio. A luta de Bush é pessoal e a congressista revê-se na situação aflitiva que milhões de americanos vivem.

Há 20 anos, Cori Bush e o marido foram despejados da casa arrendada onde viviam. Durante cerca de três meses Bush, o marido e duas crianças pequenas viveram numa carrinha Ford Explorer, segundo a Associated Press. 

“Eu sei o que é ser despejada e ter de viver no meu carro com os meus dois filhos bebés. Enquanto for uma congressista, não vou ficar calada sobre isso”, disse numa entrevista no sábado. “Não quero que mais ninguém passe por aquilo que passei, nunca”, acrescentou em lágrimas.

A expressão mediática do protesto de Cori Bush deu frutos. Na segunda-feira encontrou-se com o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Shumer, e falou brevemente com a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris.

Um dia depois a luta de Bush culminou numa vitória. A administração Biden emitiu uma nova moratória, que vai durar até ao dia 3 de outubro, e que temporariamente suspende despejos em condados com “níveis substanciais e elevados” de transmissão do novo coronavírus, e que cobre áreas onde reside 90% da população americana.

A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, saudou Bush pela sua “ação poderosa para manter as pessoas nas suas casas”.

Ativismo nascida da violência policial 

Ontem, ainda antes de ser conhecido o início do prolongamento da moratória sobre despejos, Cori Bush falou sobre o seu ativismo. “É suposto ir simplesmente para casa? Não, eu sou uma organizadora. Eu sou uma ativista. Por isso recorri ao que sei fazer”, constatou.

Foi o seu ativismo contra a brutalidade policial nos Estados Unidos, após a morte de Michael Brown, em Ferguson, no estado do Missouri, em 2014, que a levou à política e nas últimas eleições ao Congresso.

O mesmo ativismo que a levou a enfrentar a liderança do Congresso e o presidente, que é do seu partido. 

Leia Também: Moratória quer despejos de inquilinos com rendas em atraso prolongada

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