Redução de emissões. Poucos países envolvem autarquias na sua estratégia
Muitas cidades mundiais estão a tomar a dianteira na redução de emissões poluentes, mas os governos ainda contam pouco com as autoridades locais nas suas estratégias nacionais para as alterações climáticas, segundo a organização ambiental Climate Chance.
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Mundo Ambiente
Num relatório publicado hoje, a organização não-governamental indica que 1.800 cidades europeias que concentram 20% da população da União reduziram em 26% as suas emissões carbónicas entre 2005 e 2017, excedendo mesmo as metas europeias para 2020.
No entanto, ao analisar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (CDN)das nações que assinaram o Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global até ao fim do século, vê-se que "poucos países [cerca de 10%] envolveram suficientemente" autarquias e autoridades regionais nas estratégias nacionais que definiram para reduzir emissões.
"Os países não reconhecem as cidades como sistemas nas suas estratégias" e não reconhecem que por serem concentrações de "pessoas, infraestruturas e atividades económicas", são campos privilegiados para mitigação de efeitos das alterações climáticas, como a redução de emissões e do consumo de energia.
Mesmo olhando para as CDN revistas por cerca de 40 países e pelos estados-membros da União Europeia, as conclusões são semelhantes, com apenas "uma mão-cheia a referir os governos locais, muitas vezes como exemplo mas sem ligação à estratégia nacional".
"Os Estados ainda não estão a integrar o potencial de ação das cidades e regiões nos seus planos nacionais", afirmou o presidente da Climate Chance, Ronan Dantec.
Isto passa-se em países responsáveis por grandes quantidades de emissões, como a Austrália, o Brasil, o Reino Unido ou a Rússia, assinala a Climate Chance, mas a organização nota que vários países da América Latina, como o Peru, Chile, Argentina, Cuba, Colômbia ou México, destoam desta tendência.
Na frente da adaptação às alterações climáticas, as cidades também estão a liderar, considera a Climate Chance, apontando que entre as cidades cujos autarcas aderiram ao Pacto Europeu de Autarquias - em que se incluem 166 localidades portuguesas - 70% têm planos de adaptação, embora a maioria ainda não tenha saído do papel.
"A avaliação de riscos e o planeamento estão a alargar-se, mas o acesso a financiamentos e respostas tecnológicas ainda está demasiado atrasado ou é demasiado caro", nota a organização.
A Climate Chance salienta ainda que "826 cidades e 103 regiões" europeias definiram datas para atingirem a meta das "emissões zero" e que durante 2020, foram anunciados planos nas cidades europeias para a construção de 2750 quilómetros de ciclovias, mesmo com as atenções concentradas na pandemia da covid-19.
As iniciativas de "densificação", cuja filosofia é concentrar serviços nas cidades de modo a estarem acessíveis aos cidadãos a pé ou num percurso de bicicleta são também "vistas como remédio para as crises sanitária e climática".
São exemplo disso uma campanha realizada em Paris para se atingir a "Cidade de 15 minutos", em que esse é o tempo que levaria em qualquer ponto da capital francesa a chegar, a pé ou de bicicleta, a qualquer serviço essencial.
Estratégias semelhantes foram adotadas em cidades norte-americanas como Portland ou Minneapolis e nas cidades suecas de Gotemburgo e Estocolmo, aumentou-se a parada para a "Cidade de um minuto".
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