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Crianças de Bata estão a recolher restos de munições para vender nas ruas

Com as escolas fechadas, crianças da cidade equato-guineense de Bata estão a recolher e a vender restos de munições resultantes das explosões de 7 de março, uma realidade que está a preocupar as Nações Unidas.

Crianças de Bata estão a recolher restos de munições para vender nas ruas
Notícias ao Minuto

12:28 - 22/03/21 por Lusa

Mundo Guiné Equatorial

"Com as escolas fechadas, crianças a partir dos 10 anos de idade são vistas a recolher restos de metal para venda a um custo de apenas 40 pesetas", alerta o gabinete de coordenação das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA).

O alerta surge no mais recente relatório sobre o ponto de situação no terreno, duas semanas após as explosões que ocorreram num campo militar na capital económica da Guiné Equatorial, matando mais de uma centena de pessoas e ferindo mais de 600.

Para o OCHA, além da "indicação de potencial aumento do trabalho infantil", esta situação demonstra a "necessidade urgente" de um programa de educação sobre o risco de engenhos explosivos para a população civil que vive num raio de 10 quilómetros do epicentro da explosão.

"A segurança e a proteção dos civis continuam a ser fundamentais. As equipas de avaliação têm observado civis a recolher e vender metal e crianças a brincar em locais perigosos", aponta a ONU.

Segundo o mesmo relatório, o Governo limitou o acesso ao local, várias agências das Nações Unidas lançaram uma campanha de alerta e os militares criaram uma linha telefónica para recolher informações sobre munições não detonadas, tendo já sido removidos mais de 100 artefactos.

Várias agências técnicas especializadas em segurança de munições estão a trabalhar no terreno sob a coordenação do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz e o Desarmamento em África (UNREC), incluindo uma equipa de consultores em Gestão de Munições (AMAT) no âmbito do Centro Internacional de Desminagem Humanitária de Genebra (GICHD), bem como equipas de França, Israel, Qatar e Camarões.

"As avaliações iniciais confirmam um elevado risco residual com munições não deflagradas dispersas pela explosão", refere a ONU no relatório, adiantando que foram localizados pelo menos 78 dispositivos, a maioria dos quais foi removido.

"Várias não podem ser removidas devido ao perigo que representam", acrescenta-se no relatório.

Avaliações preliminares da Cruz Vermelha local, corroboradas por imagens de satélite da UNOSAT, indicam que pelo menos 3.900 pessoas (780 casas) foram diretamente afetadas pela catástrofe, incluindo 2.000 pessoas (400 casas) dentro do campo militar de Nkuantoma, onde ocorreram as explosões.

Os bairros limítrofes de Mondong (500 pessoas e 100 casas), Razel (750 pessoas e 150 casas) e Nkuantoma (650 pessoas e 130 casas) foram também afetados.

Cerca de 603 estruturas foram danificadas, 238 das quais foram destruídas e 365 gravemente ou moderadamente danificadas.

"Muitas pessoas que viviam nas proximidades dos campos militares puderam regressar às suas casas 72 horas após as explosões", refere o relatório, ressalvando, no entanto, que apenas as avaliações das necessidades multissetoriais, que arrancam hoje, "irão determinar a extensão do impacto humanitário".

O OCHA apontou ainda que o acesso entre Malabo (na ilha de Bioko) e Bata (na parte continental da Guiné Equatorial) representa o maior desafio para as operações humanitárias.

Devido à pandemia de covid-19, as viagens são restritas e, atualmente, o pessoal das Nações Unidas é transportado com voos de helicópteros fornecidos pela companhia petrolífera Chevron, um serviço previsto terminar esta semana, adiantam as Nações Unidas.

"É necessária uma solução de transporte urgente para o movimento de pessoal entre Malabo e Bata", apela o OCHA.

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