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Milhares de saharauis manifestam-se no campo de refugiados de Rabuni

Vários milhares de saharauis manifestaram-se hoje no campo de refugiados de Rabuni, o mais importante na região argelina de Tindufe, para apoiar a ativista Sultana Khaya e pedir às Nações Unidas um mecanismo de vigilância contra a repressão marroquina.

Milhares de saharauis manifestam-se no campo de refugiados de Rabuni
Notícias ao Minuto

18:10 - 16/02/21 por Lusa

Mundo Argélia

Os manifestantes apelam às Nações Unidas que crie um mecanismo de vigilância que permita travar a crescente repressão policial marroquina nas áreas ocupadas da ex-colónia espanhola do Saara Ocidental.

Organizações de direitos humanos relataram esta semana que polícias marroquinos atacaram Sultana Khaya e algumas das suas filhas na cidade de Bojador, onde a ativista vive em prisão domiciliária, quando estas se encontravam à porta de sua casa para receber uma visita.

Em algumas imagens posteriormente divulgadas nas redes sociais, pode ver-se Sultana, que em 2006 já tinha perdido um olho na sequência de uma suposta agressão marroquina, com um golpe no rosto e alguns dentes partidos alegadamente por um agente policial marroquino.

Neste contexto, centenas de representantes da sociedade civil e da administração saharaui concentraram-se hoje frente à estação de transportes, junto à sede do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, em Rabuni, a capital administrativa da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), para denunciar "a violência marroquina nas áreas ocupadas".

Gritando 'slogans' como "Defenderemos a nossa terra!" e "Vamos lutar até o fim!", os manifestantes marcharam à volta da sede segurando cartazes com fotos de prisioneiros saharauis em prisões em Marrocos e nos quais expressavam solidariedade e apoio à família de Sultana e a "todos os compatriotas vítimas de repressão na sua terra ocupada".

Noutros cartazes estavam reproduzidas frases proferidas por Sultana, como "o Saara Ocidental é um inferno: violações, abusos, tortura, desaparecimentos forçados, assassinatos, prisão domiciliária. É (o cenário de) uma espiral de violência e repressão para intimidar e tentar silenciar os ativistas saharauis".

Os participantes na marcha apelaram também à comunidade internacional para que "adote medidas imediatas e urgentes para proteger os saharauis da opressão das forças repressivas marroquinas".

Liderados por organizações da sociedade civil, os manifestantes exigiram ainda a criação de um novo mecanismo internacional de acompanhamento da situação dos direitos humanos nas cidades ocupadas pelas forças marroquinas.

A este respeito, a Frente Polisário (movimento político revolucionário a favor da autonomia do território do Saara Ocidental e pela autodeterminação do povo saaraui) manifestou-se "surpreendida pelo silêncio das organizações jurídicas internacionais e das organizações internacionais de defesa dos direitos humanos" em relação à "opressão, abuso, tortura e humilhação sofrida pelos saharauis nas cidades ocupadas do Saara Ocidental".

A situação na ex-colónia espanhola está muito tensa desde que, no passado dia 13 de outubro, forças armadas marroquinas entraram na passagem de Guerguerat, que liga a Mauritânia à área ocupada por Marrocos no Saara Ocidental, para expulsar um grande grupo de saharauis que tinham ali acampado para impedir a circulação de mercadorias, que a Frente Polisário considera ilegal.

Apenas 24 horas após a ofensiva, o secretário-geral da Frente Polisário e presidente da RASD, reconhecida por dezenas de países, Brahim Ghali, garantiu que se tratava de uma violação do cessar-fogo e considerou interrompida a trégua assinada em 1991.

Um dia depois, anunciou o início das ações militares ao longo do muro erguido por Marrocos no meio do deserto, e que, segundo os sarauís, se repetem desde então diariamente, mas sobre as quais Rabat não se pronuncia.

A esta já tensa situação junta-se o reconhecimento pelo Governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump do Saara Ocidental como parte de Marrocos, em troca do reconhecimento de Israel por aquele país.

A 24 de janeiro, a Frente Polisário assegurou ter atacado com mísseis a travessia de fronteira de Guerguerat, informação a que Marrocos respondeu admitindo as ações de assédio - que minimizou - e garantindo que a situação na passagem comercial entre Marrocos e a Mauritânia era "normal e tranquila".

No dia 08 de fevereiro, a Polisário garantiu que tinha conseguido penetrar em território sob controlo marroquino e matado três soldados marroquinos numa operação, informação que não foi confirmada ou negada nem por Marrocos, nem por fontes independentes.

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