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China. Redes sociais festejam vitória de Biden, órgãos oficiais otimistas

Os internautas chineses celebraram hoje efusivamente a vitória de Joe Biden, enquanto a imprensa estatal do país asiático reagiu também com otimismo, mas recomendou cautela, face à crescente complexidade nas relações Estados Unidos-China.

China. Redes sociais festejam vitória de Biden, órgãos oficiais otimistas
Notícias ao Minuto

13:32 - 08/11/20 por Lusa

Mundo China

"Deus salvou a América", reagiu Gao Zhikai, intérprete do antigo líder chinês Deng Xiaoping e atualmente um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, num comentário difundido na rede social Wechat.

"[Donald] Trump ainda está a tentar manter-se à tona, mas mil veleiros passam um barco a afundar", descreveu, recorrendo a um ditado chinês.

Memes e mensagens congratulatórias para Joe Biden inundaram as redes sociais chinesas às primeiras horas da madrugada na China, ilustrando a impopularidade de Donald Trump no país.

"Estás despedido", escreveu um internauta chinês, num comentário dirigido a Trump, na rede social Weibo, o Twitter chinês. "Sinto-me feliz que os norte-americanos estejam finalmente a mostrar alguma inteligência e a exercitar o que consideram ser o seu conceito superior de democracia", acrescentou.

"É um grande dia para o mundo e um evento ainda melhor para a China", descreveu outro internauta.

A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se rapidamente desde a ascensão ao poder de Trump, com várias disputas simultâneas entre as duas maiores economias do mundo.

Em Pequim e em Washington, referências a uma nova Guerra Fria tornaram-se comuns.

Trump lançou uma guerra comercial e tecnológica contra o país asiático, enquanto reforçou os laços e a venda de armamento a Taiwan, que Pequim considera estar sob a sua soberania, apesar de funcionar como uma entidade política soberana.

A soberania do mar do Sul da China, o estatuto de Hong Kong ou questões de Direitos Humanos contribuíram igualmente para inflamar as relações.

Nos últimos meses, a insistência de Trump em apelidar a covid-19 de "vírus chinês" contribuiu para antagonizar as perceções sobre o líder norte-americano.

"Donald Trump vem no topo da lista dos homens mais odiados na China", comentou Penny Li, uma chinesa que viveu quase dez anos na Austrália, à agência Lusa. "[O secretário de Estado] Mike Pompeo está logo a seguir".

Alguns órgãos de comunicação chineses expressaram esperança de que Biden estabilize as relações entre Washington e Pequim, mas alertaram sobre futuras tensões entre as duas grandes potências. Outros sugeriram que a democracia norte-americana está em declínio.

"O resultado [das eleições] pode inaugurar um 'período de amortecimento' nas tensas relações China - EUA, e oferece uma oportunidade para retomar a comunicação de alto nível e reconstruir a confiança estratégica mútua", escreveu o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, num artigo em que cita especialistas chineses.

Biden vai ser "mais moderado e maduro" do que Trump nas relações externas, previu o jornal.

O Southern Daily, um jornal oficial de Guangdong, província do sul da China que faz fronteira com Macau, escreveu que, embora Biden provavelmente tratará a Rússia, e não a China, como a maior ameaça externa aos Estados Unidos, os chineses "não se devem iludir".

"Uma coisa é certa, as coisas nunca mais voltarão a ser como antes", apontou. "O mundo mudou".

A imprensa do regime chinês explorou também a crescente divisão na sociedade norte-americana para descrever um país "caótico" e em "declínio".

Após Biden vencer no Estado da Pensilvânia, a televisão estatal CCTV exibiu vídeos de multidões em Filadélfia e presença policial, para relatar "ataques verbais" e "confrontos físicos" entre os apoiantes de Trump e Biden.

Hu Xijin, editor do Global Times, lembrou, no Weibo, que "a sociedade norte-americana agora está altamente dividida, o que cria terreno propício para mais instabilidade política".

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