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EUA. Ações comunitárias e polémicas vão aumentar votos de população negra

O especialista em participação política dos afro-americanos Lorenzo Morris antecipa que as eleições presidenciais nos Estados Unidos deverão ter uma maior participação da população negra este ano, em 03 de novembro, como resultado de iniciativas comunitárias e polémicas.

EUA. Ações comunitárias e polémicas vão aumentar votos de população negra
Notícias ao Minuto

09:21 - 19/10/20 por Lusa

Mundo Eleições

Segundo Lorenzo Morris, dirigente do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Howard, em Washington, que conversou com a Lusa, a participação fixou-se, há vários anos, em cerca de 60% da população negra, mas deverá registar um crescimento até 03 de novembro, dia de eleições presidenciais.

"As pessoas já assumem que as comunidades afro-americanas terão um papel crítico" nestas eleições, declarou o autor de vários livros sobre racismo e política.

Para Lorenzo Morris, as expectativas são corroboradas pela "participação dramática" dos afro-americanos em "movimentos descentralizados", como o 'Black Lives Matter' (Vidas Negras Importam) que não são totalmente representados em nenhum dos dois grandes partidos, o Democrata e o Republicano.

"A ação comunitária, baseada em organizações, é mais importante do que o 'apeal' do candidato individual", disse Morris, acrescentando que em todos os atos eleitorais, os candidatos presidenciais são a representação mais forte de cada partido.

Na história dos EUA, foram vários os exemplos de iniciativas, ações sociais e políticas que nasceram em igrejas, utilizadas como locais de partilha de experiências e de ideias pelas comunidades negras.

"A questão é qual é o nível de movimentos comunitários" em favor do candidato democrata Joe Biden, disse Lorenzo Morris, já que o partido Republicano tem apoiado políticas e declarações polémicas que afastam os cidadãos afro-americanos.

Algumas declarações de Donald Trump e a polémica em torno da recusa de condenar grupos supremacistas brancos no primeiro debate presidencial, em 29 de setembro, também terão impacto negativo nas opiniões dos eleitores negros, que quererão mostrar as suas posições, previu o especialista.

Lorenzo Morris adiantou que cerca de 90% dos cidadãos negros nos Estados Unidos são apoiantes do Partido Democrata, uma grande diferença da década de 1960, quando 40% apoiavam o Partido Republicano.

Na década de 1960, a raça passou um "símbolo" utilizado na "divisão ideológica" entre os dois partidos e na sociedade.

Lorenzo Morris disse à Lusa que, na sua opinião, "a população negra dos EUA tem recebido muito mais atenção mediática" durante o corrente período pré-eleitoral, em comparação com outros anos de eleições.

"Acho que o Presidente Donald Trump, ao responder ao criticismo, também tem concentrado mais atenção nas comunidades negras" do que na sua primeira eleição, direcionando assim, mais atenção da "direita" política e dos grupos conservadores, analisou.

O movimento 'Black Lives Matter' também "não vai ficar por aqui" - depois da onda de protestos contra a brutalidade policial e contra o racismo, que teve eco em todo o mundo - mesmo que o vencedor das eleições seja o democrata Joe Biden, apoiado pela maioria dos afro-americanos, disse Lorenzo Morris.

Segundo o professor universitário, os interesses dos afro-americanos vão para além do nome de quem vence as eleições, sendo que não existe "um grupo de política nacional coerente" realmente atrativo para estes cidadãos.

O problema do racismo sistémico não é "um assunto primário" para os votos dos afro-americanos nas eleições, porque o assunto dos "problemas raciais" vai influenciar o voto muito menos do que coisas como educação, emprego ou saúde, acrescentou também o especialista.

Em 2018, mais de 10% da população que podia votar era negra em Estados como a Florida, Pensilvânia e Michigan, enquanto na Carolina do Norte e do Sul essa proporção era de mais de 20% e na Geórgia estava acima de 30%, de acordo com o Pew Research Center.

Os votos dos afro-americanos vão ser determinantes para as eleições presidenciais, especialmente em Estados como Florida, Geórgia e Carolina do Norte, onde não se conhece com certeza qual é o partido com mais influência.

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