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Presidente do Montenegro admite confiar formação de Governo à oposição

O Presidente do Montenegro, Milo Djukanovic, admitiu hoje confiar a formação do novo Governo à oposição, uma decisão que significaria uma profunda alteração no país dos Balcãs, dominado há três décadas pela formação política do chefe de Estado.

Presidente do Montenegro admite confiar formação de Governo à oposição
Notícias ao Minuto

15:15 - 02/09/20 por Lusa

Mundo Montenegro

O Partido Democrático dos Socialistas (DPS) nunca perdeu uma eleição desde a desintegração da Jugoslávia, no início da década de 1990, quando o Montenegro constituía uma das seis repúblicas de federação.

No entanto, obteve o seu pior resultado eleitoral nas legislativas de domingo, que permite uma ligeira vantagem a três coligações da oposição.

Na terça-feira, Djukanovic, 58 anos, reconheceu na cadeia televisiva regional Newsmax Adria que o seu campo "recebeu uma advertência".

O DPS, pró-europeu, venceu o escrutínio com 35% dos votos, a pouca distância da coligação pró-sérvia "Pelo futuro do Montenegro (32,5%), mas as três principais listas eleitorais da oposição deverão garantir uma pequena maioria de 41 em 81 lugares do parlamento

"Em relação à formação do novo Governo, respeitaremos (...) as regras democráticas (...). Quem obteve 41 lugares no parlamento montenegrino obterá a possibilidade de formar um novo Governo", declarou o chefe de Estado, definido por diversos críticos como o "último ditador suave da parte democrática e pró-europeia da Europa".

As três coligações, uma aliança pró-sérvia de direita, um grupo mais centrista e uma formação liberal, prometeram ultrapassar as suas divergências e formar rapidamente um governo de peritos e afastar do DPS do poder.

Na sequência dos resultados do escrutínio, registarem-se diversos incidentes, em particular dirigidos conta a pequena comunidade muçulmana do Montenegro.

Os líderes da oposição pró-sérvia, e a poderosa Igreja ortodoxa sérvia (SPC), dominante no Montenegro e com sede em Belgrado, condenaram as violências e apelaram à calma.

Milo Dkikanovic, suspeito de envolvimento em numerosos escândalos de corrupção e acusado de nepotismo, presidiu à separação do Montenegro da Sérvia em 2006, à entrada do seu país na NATO em 2017 e à sua aproximação à União Europeia.

No rescaldo dos resultados de domingo, denunciou um ressurgimento do "nacionalismo dos anos 1990" e acusou Belgrado de envolvimento nas eleições, uma acusação já refutada pelas autoridades sérvias.

O campo pró-sérvio reforçou-se em 2020 na sequência da controvérsia religiosa que ainda persiste no Montenegro na sequência da adoção em dezembro de uma lei sobre a "liberdade de religião".

Este texto, e numa medida unilateral fomentada por Djukanovic, previa que centenas de igrejas e de mosteiros geridos pela SPC se tornassem propriedade do Estado montenegrino.

No decurso da campanha eleitoral, a oposição beneficiou de um vasto apoio da SPC.

De acordo com o recenseamento de 2011, cerca de 30% dos 620.000 habitantes do Montenegro declararam-se sérvios. E muitos insurgiram-se contra o propósito do Presidente, que ocupa os mais altos cargos do poder desde 1991 e eleito até 2023, de consolidar a identidade nacional do Montenegro.

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