Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 12º MÁX 17º

Mali: França pede à junta militar que mantenha luta contra jihadistas

O chefe de Estado-Maior do Exército francês apelou hoje à junta militar, que assumiu o poder no Mali após um golpe de Estado, deve manter o mesmo compromisso no combate contra grupos 'jihadistas' no Sahel.

Mali: França pede à junta militar que mantenha luta contra jihadistas
Notícias ao Minuto

15:28 - 27/08/20 por Lusa

Mundo Mali

O golpe de Estado de 18 de agosto no Mali não mudou o desafio da segurança no Sahel, disse o general François Lecointre, apelando às novas autoridades para que não abrandem esforços, de forma a evitar perder o trabalho desenvolvido nos últimos meses.

"O nosso desejo é manter o empenho do exército maliano na luta contra grupos terroristas armados", afirmou o chefe do exército francês em declarações em Talin, Estónia.

"Temos uma série de exigências" para retomar o controlo de certos territórios na zona de fronteira triangular entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso, prosseguiu o o chefe do Exército da França, país que no âmbito da Operação Barkhane destacou mais de 5.000 homens para o Sahel.

O coronel Assimi Goïta, o novo homem forte do Mali, licenciado nas melhores escolas militares do país, tem estado até agora encarregue das forças especiais na região centro, atingida desde 2015 por ataques jihadistas que causaram pesadas baixas civis e militares.

O general Lecointre sugeriu que a rotina diária de operações naquele país não estava a ser alterada. "Os chefes de corpo ainda lá estão, os comandantes de zona ainda lá estão, não são pessoas que participaram no golpe, por isso continuamos a cooperar com eles", acrescentou.

"Contactámos a junta para lhes dizer que consideramos essencial não aliviar a pressão sobre os grupos terroristas. Veremos como corre nos próximos dias", referiu.

O general francês lembrou a interrupção pelos norte-americanos da cooperação militar com as Forças Armadas do Mali e encorajou a União Europeia a relançar a sua missão de treino para o exército do Mali (EUTM Mali), que também foi suspensa.

"Devemos ser capazes de distinguir entre uma realidade política, que a França condenou, e uma realidade militar que ainda enfrentamos, que é uma realidade de combate e guerra", afirmou o oficial a alguns jornalistas.

Mas reiterou o desejo de Paris de que a junta coloque "o seu poder nas mãos de civis, a fim de estabelecer um regime transitório que abra caminho ao regime democrático".

Lecointre falava à margem de uma cerimónia em que 15 militares estónios foram condecorados por terem ajudado a repelir um ataque jihadista ao campo militar da missão Barkhane, em Gao, Mali, em julho de 2019.

O Presidente eleito do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, foi libertado hoje pela junta que o derrubou na semana passada, após sete anos no poder no país em guerra com os 'jihadistas', anunciaram os militares.

O Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), criado pelos militares, que fizeram o golpe de Estado para liderar o país, informou "a opinião pública nacional e internacional que o antigo Presidente Ibrahim Boubakar Keita foi libertado e está atualmente na sua residência", afirmaram através da rede social Facebook.

A libertação do Presidente era uma das reivindicações da comunidade internacional, que rejeitou o golpe de Estado.

Os delegados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que estão no Mali propuseram na quarta-feira aos líderes do golpe militar que aceitassem um governo de transição por um período máximo de um ano.

As fronteiras de todos os países da CEDEAO com o Mali, país suspenso de todos os órgãos de decisão desta organização até que a ordem constitucional seja restaurada, estão fechadas.

A União Africana também suspendeu a condição de membro ao Mali na terça-feira, "até que a ordem constitucional seja restaurada".

Independente desde 1960, o Mali viveu o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.

Além da CEDEAO e da União Africana, a ação militar já foi rejeitada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia (UE).

Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE.

Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório