ONU considera pandemia e terrorismo principais problemas no Sahel
Terrorismo, violação de direitos humanos e escassez de recursos devido à pandemia de covid-19 são os problemas que mais atingem a região do Sahel, África, disseram hoje membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
© Reuters
Mundo Covid-19
A dimensão da pandemia de covid-19 no Sahel ainda é desconhecida, declarou hoje o Conselho de Segurança.
Vários Estados-membros, incluindo a Alemanha e a Rússia, consideraram que serão precisos anos para se determinarem os verdadeiros efeitos da crise de covid-19, apesar da esperança de que os efeitos sejam passageiros.
Todos concordaram com os avisos do secretário-geral da ONU, António Guterres, de que a atividade terrorista tem aumentado, enquanto as forças de segurança, a força conjunta G5-Sahel e a missão de paz no Mali se viram obrigadas a diminuir os recursos humanos e materiais no campo.
Devido à pandemia, a fronteira entre o Mali e a Mauritânia foi encerrada e as operações da força conjunta G5-Sahel foi suspensa.
A área do Sahel abrange a Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Camarões, Chade, Sudão, Sudão do Sul e Eritreia.
O subsecretário-geral da ONU para as operações de paz, Jean-Pierre Lacroix, sublinhou hoje que a dificuldade de transporte dos militares, dos equipamentos de proteção ou equipamentos militares é um dos maiores entraves ao trabalho de estabilização das regiões conflituosas.
Por outro lado, acrescentou, o risco de transmissão da covid-19 obrigou ao encerramento de escolas, de serviços sociais e serviços básicos, o que aumenta o fosso entre diferentes classes económicas, marginalizando os pobres nos países do Sahel.
As injustiças sociais e a pobreza, fomentadas pela falta de ajudas, marginalização e discriminação, promovem a radicalização e adesão a grupos terroristas, assinalou.
Jean-Pierre Lacroix pediu a toda a comunidade internacional para implementar e reforçar o respeito pelos direitos humanos e combater a impunidade.
Os pedidos de Lacroix foram ecoados pelo representante da Bélgica, Marc Pecsteen de Buytswerve, que observou que a situação socioeconómica pode ser melhorada com o "combate à impunidade, tanto no campo financeiro como criminal, e à discriminação de grupos étnicos".
Marc Pecsteen de Buytswerve sugeriu ainda que as reivindicações políticas dos terroristas devem ser respondidas pelos intervenientes do campo político.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia, Ismail Cheikh Ahmed, sublinhou que é necessário promover o diálogo político entre os vários governos da região, para travar a radicalização dos jovens.
Ismail Cheikh Ahmed apontou também a "evidente necessidade de contribuição adicional" militar e financeira.
O representante do Níger nas Nações Unidas, Abdou Abarry, destacou a necessidade de maior participação de mulheres nas negociações e operações de paz.
O representante permanente da Estónia acrescentou que todas as atividades devem ser submetidas à lei humanitária internacional e direitos humanos.
Os membros do Conselho de Segurança condenaram os ataques no Burkina Faso, que em poucos dias provocou pelo menos 50 mortos.
Portugal participa nas missões da União Europeia e das Nações Unidas no Mali.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou perto de 391 mil mortos e infetou mais de 6,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Em África, há 4.756 mortos confirmados em quase 170 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
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