Procuradores demitem-se do caso Roger Stone depois de Trump interferir
Quatro procuradores que acusaram Roger Stone demitiram-se do caso na terça-feira, depois de o Departamento de Justiça dos EUA anunciar que ia reduzir o prazo de prisão pretendido para este velho aliado e confidente do Presidente norte-americano, Donald Trump.
© Getty Images
Mundo Estados Unidos
A decisão extraordinária do Departamento de Justiça foi anunciada horas depois de Trump se ter queixado que a punição pretendida por aqueles procuradores era "muito horrível e injusta".
Os quatro procuradores, incluindo dois que pertenceram à equipa do conselheiro especial Robert Mueller que investigou a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, integraram a equipa do Departamento de Justiça no caso Stone.
Na segunda-feira assinaram uma proposta de detenção de Stone até nove anos.
A decisão de Departamento de Justiça, chefiado pelo procurador-geral William Barr, de recuar na recomendação de sentença levantou questões sobre interferências políticas e se a opinião de Trump tem uma preponderância invulgar no Departamento, que supostamente deve operar de maneira independente da Casa Branca em investigações e acusações criminais.
Barr tem sido um aliado firme de Trump, ilibando-o de obstrução à justiça, mesmo quando o conselheiro especial e ex-chefe diretor do FBI Robert Mueller recusou fazê-lo e declarando que a investigação à interferência russa - que resultou na acusação a Stone -- tinha sido baseada em uma "narrativa fictícia".
Na noite de segunda-feira, aqueles procuradores recomendaram que a sentença de Stone ficasse entre sete a nove anos, depois de ter sido condenado por mentir ao Congresso, subornar testemunhas e obstruir a investigação da Câmara dos Representantes ao alegado conluio entre a campanha de Donald Trump e a Federação Russa para influenciar as eleições de 2016.
A recomendação de sentença significaria que Stone receberia a sentença mais pesada de meia dúzia dos colaboradores de Trump acusados devido à investigação de Mueller.
Em mensagem colocada na rede social Twitter ao início de terça-feira, Trump declarou que a acusação a Stone era "um aborto de justiça".
Um dirigente do Departamento de Justiça disse, sob anonimato, que a recomendação inicial de sentença para Stone os tinha apanhado de surpresa, pelo que decidiram intervir.
É extremamente raro que os líderes do Departamento de Justiça alterem uma decisão dos seus próprios procuradores a propósito de uma recomendação de sentença, particularmente depois de esta ter sido apresentada ao tribunal.
Normalmente, os procuradores norte-americanos têm uma grande autonomia para recomendar sentenças em casos em que foram os acusadores.
Os democratas já criticaram a decisão, com o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, a apelar a uma investigação pela inspeção-geral do Departamento de Justiça.
"O papel da lei e a grande, grande, tradição deste maravilhoso Departamento de Justiça estão a ser totalmente pervertidas para os desejos e necessidades de Donald Trump, o que é uma desgraça", afirmou o democrata, eleito pelo estado de Nova Iorque.
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