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Senado australiano chumba inquérito sobre apoios a setor petrolífero

O Senado australiano chumbou, com os votos dos dois maiores partidos, a realização de inquérito sobre eventuais apoios da Austrália aos projetos de Timor-Leste para o desenvolvimento do corredor petrolífero da costa sul, conhecido como Tasi Mane.

Senado australiano chumba inquérito sobre apoios a setor petrolífero
Notícias ao Minuto

11:57 - 05/02/20 por Lusa

Mundo Austrália

A moção a favor inquérito, que tinha sido apresentada pelo senador Rex Patrick, da Centre Aliance, em novembro, foi hoje chumbada por 38 votos contra e 13 a favor, com o Governo e a oposição a unirem-se.

"Entristece-me que tendo a oportunidade de poder estudar como ajudar Timor-Leste, o Senado tenha recusado debater isso", afirmou Rex Patrick, na sua intervenção.

Patrick sustentou que se a Austrália não fizer mais para ajudar Timor-Leste no projeto Tasi Mane, associado à exploração dos poços de Greater Sunrise, poderá dar à China um impulso estratégico.

O senador disse que os chineses têm interesse em apoiar Timor-Leste, "à medida que expandem a sua influência" na região, e que ignorar esta questão pode levar a uma presença estratégica importante da China ao lado da Austrália.

"Se, de facto, é vontade de Timor-Leste, avançar com o projeto Tasi Mane e se a Austrália decidisse simplesmente ignorá-lo ou não se envolver, é muito possível que os chineses se envolvam", disse à Lusa Rex Patrick, na altura da apresentação da moção.

"Não ajudar Timor-Leste com o projeto de Tasi Mane e ter os chineses a apoiar pode transformar-se num dos maiores disparates estratégicos da Austrália", sublinhou.

O inquérito deveria estudar eventuais apoios do Governo australiano a Timor-Leste para Tasi Mane, analisando "a assistência e cooperação dadas até hoje" pelo Governo australiano ao projeto timorense, e determinar "possíveis apoios e colaborações futuras do Governo".

O senador queria apurar "oportunidades de a indústria australiana apoiar no desenho, desenvolvimento e execução" do projeto e determinar oportunidades "relativamente a atividades e projetos incidentais" a Tasi Mane.

Na notificação de moção, Rex Patrick refere o contexto da ratificação do tratado de fronteiras marítimas permanentes entre os dois países e da exploração dos campos de Greater Sunrise, com opção do processamento do gás em Darwin ou na costa sul de Timor-Leste.

Em Timor-Leste esse processamento seria levado a cabo no quadro de um projeto, para o qual o Governo está atualmente à procura de investidores, conhecido como Tasi Mane, que criaria, segundo Patrick "um corredor de infraestruturas petrolífera" na zona sul.

O componente 'upstream' do projeto será levado a cabo por um consórcio onde a petrolífera timorense TimorGap tem capital maioritário e de que fazem parte também a australiana Woodside e a japonesa Osaka Gás.

O projeto do Greater Sunrise constitui o maior investimento de sempre do Governo timorense, que já utilizou 650 milhões de dólares do fundo petrolífero para comprar uma participação maioritária no consórcio que vai realizar o componente de 'upstream' do projeto.

Francisco Monteiro, presidente da petrolífera Timor Gap -- que comprou a participação em nome do Estado timorense - disse na altura que Timor-Leste quer evitar recorrer ao Fundo Petrolífero para financiar os custos de capital de até 12 mil milhões de dólares norte-americanos (cerca de 11 mil milhões de euros) para o desenvolvimento do projeto.

Após o início da produção, é esperado um retorno financeiro que pode alcançar os 28 mil milhões de dólares (24,7 mil milhões de euros), explicou.

Globalmente, incluindo o Greater Sunrise, a Timor Gap diz que o país tem um potencial equivalente a mais de 6,3 mil milhões de barris de petróleo por explorar nos próximos 50 anos, com um valor de 378 mil milhões de dólares (cerca de 334 mil milhões de euros).

Esse potencial de exploração poderá representar uma injeção de 223 mil milhões de dólares (197 mil milhões de euros) na economia, em serviços como engenharia, desenvolvimento, manutenção e operações, e benefícios fiscais e rendimentos públicos de mais de 47 mil milhões (41 mil milhões de euros).

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