Espanha: Extrema-direita espera fazer entrada inesperada no parlamento
O partido de extrema-direita Vox espera passar a barreira dos 10% nas eleições de 28 de abril, fazendo uma entrada inesperada no parlamento espanhol com propostas que assustam muitos espanhóis.
© Reuters
Mundo Eleições
Este partido radical nasceu em 2013 e foi fundado por críticos do Partido Popular (PP, direita) às políticas tomadas a partir de 2011 pelo primeiro-ministro da altura, Mariano Rajoy, para lutar contra a crise económica que o país atravessava.
O Vox (Voz em latim) não escondeu, desde o início, que pretendia "concentrar os votos da direita desencantada com as políticas do PP".
O partido tinha muito pouca representatividade (0,20% nas legislativas de junho de 2016) até há pouco tempo, mas a crise dos migrantes que chegam a Espanha em barcos através do Mediterrâneo e, sobretudo, a questão catalã provocaram a subida exponencial das intenções de voto.
"O dia em que formos Governo vamos acabar com essas leis que nos querem amordaçar e vamos tentar que haja outras leis para perseguir os cúmplices das invasões islamitas em Espanha", disse esta quinta-feira o líder desta formação da ultradireita, Santiago Abascal, numa entrevista televisiva.
Os planos do Vox para a Catalunha também são claros: suspender a autonomia que a região goza, ilegalizar os partidos independentistas e dissolver a polícia regional (Mossos D'Esquadra), que acusa de ser dirigida pelos separatistas.
O PP é o único partido espanhol que manifestou a sua disposição em negociar um eventual acordo pós-eleitoral com o Vox.
O partido de extrema-direita deverá beneficiar também de alguns eleitores que, fartos das políticas do PP, foram inicialmente para o Cidadãos (direita liberal) mas que agora consideram ter mais afinidades com esta formação.
"O votante natural do Vox é católico que se identifica muito com a nação espanhola e a sua unidade", explicou à agência Lusa o professor de Direito da Universidade Europeia Jorge Sánchez.
O programa eleitoral do partido inclui propostas para reduzir a duas as escalas de IRS: 22% para os que ganham até 60.000 euros por ano e 30% para os restantes.
O partido também quer desmantelar o sistema público de pensões, que classifica de "insustentável" e vai levar a uma "guerra entre gerações", defendendo a sua substituição por um sistema "misto" em que metade das contribuições atuais iriam para fundos privados.
"Neste momento o que o Vox quer é rebentar com o PP", adianta a editora-chefe de opinião do El Mundo, Lucía Mendez.
A analista política defende que, se o PP se "aguentar", o Vox "acabará por se dissolver", porque os candidatos deste partido "não são políticos, são toureiros, militares e outras pessoas" que "levam uma certa ideia de Espanha no coração".
Lucía Mendez acredita que se pode passar com o Vox o mesmo que se está a passar com o Podemos (extrema-esquerda): "Com o tempo os votantes vão-se aperceber que não servem para nada e apenas vendem ilusões", disse.
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