China critica Turquia por alegações sobre morte de músico de minoria
O Governo chinês criticou hoje a Turquia por alegações de que um prestigiado músico de etnia uigur, minoria muçulmana de origem turca que habita o extremo noroeste da China, morreu sob custódia da polícia.
© Reuters
Mundo uigur
A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Hua Chunying afirmou hoje que um curto vídeo de Abdurehim Heyit, divulgado por um órgão estatal chinês, prova que ele está vivo.
E considerou que Ancara cometeu um erro "muito grave e irresponsável".
O ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia qualificou no sábado como "vergonha para a humanidade" o tratamento dado pela China aos uigures.
"A política de assimilação sistemática das autoridades chinesas face aos turcos uigures é uma vergonha para a humanidade", lê-se num comunicado emitido por Hami Aksoy, porta-voz do ministério.
Organizações de defesa dos Direitos Humanos estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de uigures e membros de outras minorias muçulmanas em centro de doutrinação política.
Desde que, em 2009, a capital da região do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional, a China tem levado a cabo uma agressiva política de policiamento dos uigures.
"Os uigures que não estão detidos nos campos também estão sob forte pressão", lê-se no comunicado da Turquia, que apela à comunidade internacional e ao secretário-geral das Nações Unidas para "pôr termo a uma tragédia humana que se desenrola no Xinjiang".
Até ao momento, os principais países muçulmanos não se manifestaram sobre esta questão devido aos receios de comprometerem as suas relações com a China, um importante parceiro comercial.
Na mesma nota, o porta-voz turco afirmou ter sido informado da morte sob detenção de Abdurehim Heyit.
"Este incidente trágico reforçou ainda mais a reação da opinião pública turca sobre as graves violações dos direitos humanos em Xinjiang", refere.
Mas a Rádio Internacional da China, órgão estatal chinês, difundiu um vídeo em que aparece, alegadamente, Heyit.
"O meu nome é Abdurehim Heyit. Hoje é 10 de fevereiro de 2019. Estou a ser investigado por ter alegadamente violado as leis nacionais. Estou em bom estado de saúde e nunca sofri abusos", afirma Heyit, num vídeo de 25 segundos.
Na semana passada, 16 organizações não-governamentais pediram ao Comité dos Direitos Humanos da ONU que abra uma investigação sobre a alegada detenção de um milhão de uigures no Xinjiang.
As autoridades chinesas afirmam que os detidos estão em "centros de educação vocacional e treino profissional" para que sejam integrados na sociedade.
Mas antigos detidos afirmam que os uigures são forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC).
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