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Comissão Europeia esteve "em estado de sítio" durante largos minutos

O 'coração' da Europa esteve hoje, durante largos minutos, em 'estado de sítio', com os participantes na 'Marcha contra Marraquexe' a aproveitarem o 'sumiço' da polícia belga para atacarem a Comissão Europeia, antes de serem dispersados com gás lacrimogéneo.

Comissão Europeia esteve "em estado de sítio" durante largos minutos
Notícias ao Minuto

17:15 - 16/12/18 por Lusa

Mundo Bélgica

Proferidos os discursos da 'praxe' pela voz dos líderes das associações de direita e extrema-direita flamengas KVHV, NSV, Schild en Vrienden, Voorpost e Vlaams Belang Jongere, erguidas bem alto as bandeiras amarelas e negras da Flandres, e os cartazes contra os migrantes, os mais de 5 mil manifestantes contra o Pacto Global da Migração 'ignoraram' a determinação das autoridades nacionais e locais, transformando aquela que deveria ser uma manifestação estática num 'assalto' à Comissão Europeia.

Perante a ausência da polícia - que, pelo contrário, foi sempre bem numerosa e visível na contramanifestação ordeira e pacífica a favor do pacto da ONU para as migrações que decorreu quase em simultâneo noutra zona da cidade -, os 'ativistas' abandonaram a rotunda de Shuman, onde estavam concentrados, e empreenderam a descida da Rue de la Loi, primeiro em pequenos grupos, e de seguida em massa, destruindo tudo o que puderam à sua passagem.

Ao som de petardos, os manifestantes, essencialmente flamengos, jovens e homens, vestidos de negro e, em muitos casos, de cara tapada, travaram a sua marcha poucos metros adiante, junto da Comissão Europeia, onde se entretiveram a arremessar pedras e o que mais tivessem à mão em direção ao edifício espelhado, que 'sobreviveu' apenas com um vidros partidos e com um rasto de latas de cerveja abandonadas.

Com a sede do executivo comunitário sob ataque e a situação fora de controlo - nesse momento, os veículos ainda circulavam na Rue de la Loi -, a polícia belga reagiu finalmente. Cerca de 30 minutos após o início dos distúrbios, as autoridades surgiram em força, dispersando os agitadores com um canhão de água e gás lacrimogéneo, e inundando a cidade com o barulho intermitente das sirenes.

Na confusão, e empurrados pela polícia de intervenção, os manifestantes misturaram-se com os outros transeuntes e espalharam-se pelas artérias de Schuman, e pelos parques do Cinquentenário e Léopold, com alguns a serem detidos já junto da estação de metro de Merode, a mais de um quilómetro da Comissão Europeia.

Antes do início dos desacatos, um dos manifestantes anti-imigração explicou à Lusa que todos ali eram "completamente" contra o Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular (GCM, na sigla em inglês), documento promovido e negociado sob os auspícios das Nações Unidas (ONU) e adotado formalmente na segunda-feira em Marraquexe.

"Há muitas coisas no pacto que não estão corretas e isso só vai ser percetível quando houver problemas. O Governo belga não devia ter assinado este acordo, porque 80% dos belgas estão contra ele", justificou Joost, com a inscrição "Make Vlaanderen Great Again!" ("Tornar a Flandres grande de novo", em português).

A mesma perceção não é, todavia, partilhada pelos cerca de mil manifestantes que se concentraram horas antes à porta da sede do Centro Geral dos Serviços Públicos de Bruxelas e que, pacificamente, marcharam até ao Parque Maximilien, onde habitualmente pernoitam os migrantes e refugiados em situação irregular, sob o olhar atento da polícia, bem visível a cada esquina.

Os manifestantes a favor de Marraquexe perdem-se em discursos, vêm de bicicleta, em família, trazem cães, aquecem com cafés e cervejas na mão, dispensam os cartazes, mas não os coletes amarelos. Um dos poucos que exibia um cartaz, com o slogan "Somos todos filhos de imigrantes" escrevinhado modestamente num cartão pardo, era Mathias.

"Penso que é preocupante que 11 mil pessoas na Bélgica tenham escolhido protestar contra um acordo que não tem caráter vinculativo, que basicamente confirma que existem direitos humanos. Ainda estou em choque", resumiu o jovem.

"Vamos continuar a bater-nos contra a extrema-direita, porque esta é a capital da Europa", prometiam ainda antes de iniciar a marcha a favor do Pacto da Migração, enquanto repetiam palavras de ordem, em vários idiomas, contra a extrema direita: "No pasarán!", "Siamo tutti antifascisti", "Solidarité avec les sans-papiers", "Plus chauds que les fachos" ou o português "O povo unido jamais será vencido".

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