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Israel pode proibir ativistas de filmar soldados. Teme-se "silenciamento"

Proposta surge na sequência das críticas à atuação do exército israelita na fronteira com a Faixa de Gaza. Balas israelitas contra manifestantes causaram mais de 100 mortos desde final de março. Partido de ministro da defesa fala em condicionamento do trabalho dos soldados, opositores à medida temem tentativa de silenciar escrutínio.

Israel pode proibir ativistas de filmar soldados. Teme-se "silenciamento"
Notícias ao Minuto

15:53 - 28/05/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Proposta de lei

O parlamento israelita prepara-se para votar uma proposta de lei que pretende proibir a captação de imagens dos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF), uma medida que está a ser vista, pelos seus opositores, como uma forma de silenciar o escrutínio da atuação do exército. 

A proposta de lei, explica o The Independent, visa sobretudo organizações como a B´Tselem, a Breaking the Silence ou organizações que defendem o boicote cultural a Israel. Estas organizações contam com vários ativistas no terreno que captam fotografias ou vídeos da atuação dos soldados israelitas em situações em que, muitas vezes, se verificam abusos de força, sobretudo contra palestinianos na Cisjordânia ocupada ou na fronteira com a Faixa de Gaza. 

No documento proposto pelo deputado Robert Ilatov, do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu, o mesmo partido de Avigdor Lieberman, ministro da defesa de Israel, lê-se que “qualquer pessoa que filme, fotografe e/ou grave os soldados durante as suas funções, com a intenção de comprometer os espíritos dos soldados das IDF e dos residentes de Israel, deve ser punida com uma pena de cinco anos de prisão".

No entanto, a proposta de lei prevê ainda penas mais pesadas, que podem ir até 10 anos de prisão caso “alguém pretenda ameaçar a segurança do Estado”.

Em editorial, o jornal israelita Haaretz escreve que a proposta é “perigosa” e que pretende “silenciar as críticas ao exército e, em particular, em impedir as organizações de defesa dos direitos humanos em documentar as ações do exército israelita nos territórios [palestinianos]”.

Esta discussão relativamente à atuação das IDF surge poucas semanas depois do autêntico banho de sangue que aconteceu na Faixa de Gaza, no dia da inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, quando mais de 60 palestinianos foram mortos pelas balas dos soldados israelitas. Para além das vítimas mortais, que já são pelo menos 113 desde o final de março, há ainda milhares de feridos a registar.

Muitas organizações de defesa dos direitos humanos e, inclusive, muitos países, condenaram o que consideram ser um uso excesso da força por parte de Israel. Durante mais de um mês, sobretudo às sextas-feiras, milhares de pessoas rumaram à fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, naquela que ficou conhecida como a Marcha do Retorno, para exigir o regresso às terras de onde foram expulsos milhares de palestinianos em 1948, data da fundação do estado de Israel, que ficou conhecida como Nakba, a catástrofe.

Para além disso, os palestinianos a viver em Gaza protestam contra as condições degradantes que se vivem na Faixa, onde apenas há quatro horas de eletricidade por dia, sempre a horas incertas, e vigora um bloqueio por terra, ar e mar.

A força utilizada pelos soldados israelitas contra palestinianos tem sido fortemente criticada e, um dos exemplos mais recentes, deu-se com o soldado Elor Azaria, de 22 anos de idade, que, em 2016, abateu a tiro um palestiniano ferido e imobilizado no chão.

O momento da execução foi captado em vídeo pela organização B´Tselem e tornou-se rapidamente viral nas redes sociais, gerando uma enorme onda de indignação. Condenado a 18 meses de prisão, Azaria  acabaria por ser libertado, neste mês de maio, tendo a sua pena sido reduzida.

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