CES lamenta que Governo opte por "orçamento acomodado"
O Conselho Económico e Social (CES) lamentou hoje que o Governo tenha optado por apresentar um "orçamento acomodado", com "muitas medidas avulso", insistindo que são precisas medidas que reforcem o investimento público e privado.
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Economia Conselho
As declarações são do conselheiro do CES, José António Cortez, que foi ouvido esta manhã no Parlamento, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, juntamente com o presidente do organismo, António Correia de Campos, no âmbito da aprovação do Orçamento de Estado (OE) para 2019.
Para José António Cortez, é necessário mais investimento público e privado e são "precisas medidas de competitividade" para "ganhos de quota de mercado", uma vez que os últimos orçamentos têm apresentado "valores de investimento desfasados".
"Há mudanças de fundo a fazer", disse o conselheiro do CES, referindo, no entanto, que há medidas positivas na proposta e que a questão principal "não é haver medidas a mais", mas sim "haver muitas medidas avulsas, o que se traduz em muitas medidas de caráter meramente simbólico e superficial".
Na segunda-feira, o plenário do CES aprovou o parecer sobre o OE2019 e no documento o organismo considerou hoje que o cenário macroeconómico apresentado na proposta é pouco ambicioso quanto aos resultados a obter.
"O CES considera que, no geral, o cenário macroeconómico apresentado, que está praticamente em linha com os números do P.E. [Programa de Estabilidade] (um diferencial de -0.1 pontos percentuais na previsão do PIB), se caracteriza por ser, do ponto de vista da política orçamental, e sem entrar em linha de conta com os fatores de risco, relativamente contido nas previsões para o próximo ano; sendo que, na perspetiva da política económica e do comportamento da chamada economia real, o mesmo se nos afigura pouco ambicioso nos resultados a obter", refere o documento.
Para o CES, "um crescimento praticamente em linha com a média da União Europeia (...) não corresponde, de facto, ao desígnio da convergência que, tendo sido interrompida com a crise, seria retomada em 2017".
Segundo o parecer aprovado, colocar em torno dos 2% a tendência de crescimento no médio prazo da economia portuguesa, "é claramente um objetivo insuficiente para uma economia que está ainda longe dos níveis médios de desenvolvimento da União Europeia".
O CES reafirmou a necessidade de um crescimento real de, pelo menos, 3% como "um requisito fundamental" para "uma alavancagem construída com base numa dinâmica virtuosa de reforço competitivo da economia, ou seja, com um contributo convergente das suas várias componentes (investimento, consumo e procura externa)".
Na sessão de hoje, o presidente do CES, António Correia de Campos, aproveitou a presença no parlamento para pedir um calendário mais favorável para que as contribuições do organismo sejam mais úteis durante o processo que conduz à aprovação do orçamento, considerando que os prazos atuais são "muito curtos".
O parecer do CES foi elaborado a pedido da Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa e foi aprovado em plenário na segunda-feira, sem votos contra e com as abstenções da CGTP e dos representantes do Governo.
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