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Oposição de Ribeiro Mendes foi "um acidente"

O presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia, considera que Fernando Ribeiro Mendes, administrador escolhido por si que se afastou publicamente da sua gestão, foi "um acidente" deste mandato, mas assegura que não se sente "magoado" com "o divórcio".

Oposição de Ribeiro Mendes foi "um acidente"
Notícias ao Minuto

06:37 - 23/10/18 por Lusa

Economia Tomás Correia

"Vejo como um acidente e nós de vez em quando temos de estar preparados para coisas dessas acontecerem", disse Tomás Correia em entrevista à agência Lusa, quando questionado sobre a dissidência pública de Fernando Ribeiro Mendes, que deverá encabeçar uma das listas adversárias nas próximas eleições de dezembro.

Confessando que o escolheu para administrador "com os dados que tinha na altura" e "de acordo com o que pensava ser o melhor para a Associação Mutualista", Tomás Correia admitiu que "a prática não veio a comprovar isso".

"Mas isso são coisas que acontecem, não é uma preocupação" e "não me magoa", já que "só quem eu quero que me magoe é que magoa", declarou.

Antigo secretário de Estado da Segurança Social e da Indústria, Comércio e Serviços do Governo PS, de António Guterres, e também economista e professor no ISEG, Fernando Ribeiro Mendes fez parte da lista de Tomás Correia para a Associação Mutualista Montepio Geral no triénio 2016-2018, mas nos últimos tempos afastou-se da atual liderança.

Em março deste ano, Ribeiro Mendes escreveu um artigo de opinião no jornal Público, pedindo um "virar de página inadiável" na Associação Mutualista, situação que levou a que tivesse perdido pelouros na administração, que depois acabou por recuperar.

Para justificar o afastamento, este responsável disse ter verificado "que as expectativas que se tinha não foram correspondidas e, portanto, acentuou-se um divórcio ao longo do tempo".

Quanto à eventual lista adversária encabeçada por Ribeiro Mendes, o ainda presidente da Associação Mutualista disse que "ele está no seu direito" de se candidatar, mas admitiu estar "muito expectante sobre qual vai ser a resposta dos associados".

"Esta casa precisa de estabilidade e não de ter pessoas nos órgãos sociais a dizer disparates todos os dias", assinalou, realçando que "ao longo dos 178 anos do Montepio, nunca uma lista da oposição saiu vencedora".

"A razão, do meu ponto de vista, para que isso aconteça decorre do facto de essas listas não terem uma preocupação de visão para a instituição e não resultarem de um processo participado por muita gente que se interessa pela instituição", concluiu.

Relativamente a outras listas às eleições de dezembro, associados do Montepio que se opõem à gestão de Tomás Correia estiveram em contacto nos últimos meses para apresentarem uma lista única de oposição, mas isso não foi conseguido, segundo disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.

Deverão, assim, avançar duas listas de oposição: uma liderada por Ribeiro Mendes e outra liderada pelo empresário António Godinho, que integra pessoas que no passado já concorreram contra Tomás Correia.

Ainda sobre o mandato que agora termina, Tomás Correia admitiu que, em 2017, chegou a pensar sair devido às polémicas em que estava envolvido, mas não o fez porque isso "aumentaria as fragilidades" da instituição.

"Pensei, a dado momento, que se saísse, aumentaria as fragilidades do Montepio", afirmou, precisando que foi "algures em janeiro de 2017" e devido às "notícias sobre processos disto e daquilo".

Na altura, acrescentou, pediu uma reunião do Conselho Geral para avaliar uma possível saída da Associação Mutualista, mas não houve "ninguém que se tivesse manifestado favorável", acrescentou.

"Aquilo que me foi dito é que todos os elementos do Conselho Geral se pronunciaram [...] e saiu uma posição de 'nem pensar nisso, ninguém aceita que saia'", precisou, notando que isso foi "muito importante".

Caso tivesse havido "um número ainda que minoritário, significativo para eu sair, naturalmente que eu tinha saído, não estaria ali bem se não sentisse uma unanimidade em torno da minha continuidade", apontou.

Questionado sobre eventuais problemas de reputação, desde logo pelos processos em curso no Ministério Público e no Banco de Portugal, Tomás Correia disse não ver "que as questões de credibilidade se ponham".

Tomás Correia criticou ainda a gestão de Félix Morgado enquanto presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) e considera que as decisões tomadas foram no sentido de penalizar a Associação Mutualista Montepio Geral.

"Há várias decisões tomadas em assembleia-geral que não foram minimamente respeitadas pelo Conselho de Administração executivo e no sentido de penalizar dono do capital", disse Tomás Correia.

Félix Morgado (ex-presidente executivo da Inapa) ocupou a presidência da Caixa Económica Montepio Geral em 2015, quando o Banco de Portugal obrigou à separação da gestão entre o banco e a mutualista, tendo então Tomás Correia deixado de ser presidente do banco e ficando apenas como presidente da Associação Mutualista.

Contudo, as relações entre os dois deterioraram-se e Félix Morgado saiu no início deste ano da CEMG, tendo sido substituído por Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM).

Para Tomás Correia, nas relações entre a gestão de uma empresa e o acionista dessa empresa, há "dois elementos decisivos" que têm de ser irrepreensíveis". No caso, a Associação Mutualista deve respeitar a independência dos órgãos da caixa Económica, enquanto estes têm de respeitar o dono do capital e estar alinhados com as orientação estratégicas destes.

Segundo o responsável, foi a segunda parte dessa relação que falhou, acusando Félix Morgado de ter requerido aumentos de capital que não estavam previstos.

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