A equipa portuguesa está de regresso a um Europeu 17 anos depois da última participação, mas o sorteio ditou um grupo em que estão quatro das seis atuais potências europeias nesta modalidade.

No Grupo A Portugal terá de medir forças com Rússia, Holanda, Hungria e Grécia, seleções às quais se somam a Turquia, enquanto o Grupo B é composto pela Itália e Espanha, bem como Croácia, Sérvia, França e Alemanha.

"Podemos e acho que temos obrigação de sonhar mais alto. Antes de sabermos o sorteio tínhamos alguma expectativa de conseguirmos uma qualificação que desse o acesso aos Jogos Olímpicos, mas face ao sorteio não vai ser fácil. Não é impossível mas fácil não vai ser", referiu à agência Lusa Miguel Pires, à margem de um treino da seleção feminina com os juniores do Clube Fluvial do Porto.

O também diretor-técnico nacional de polo aquático quer dar "passos sólidos" para manter Portugal "de pé", isto é, à tona, apontando como meta para um Europeu "muito difícil" conseguir "melhor" do que a anterior participação portuguesa: um 11.º lugar em 1997.

Já a capitã de equipa, Mariana Sarmento, recorda que "o objetivo principal foi atingido" - participar no Campeonato da Europa que decorre até dia 23. Agora a atleta que joga preferencialmente do lado esquerdo quer "superar" a melhor marca nacional perante as "melhores equipas do mundo", aquelas que além de participações conseguem títulos quer em Europeus, quer em Mundiais e Jogos Olímpicos, algo que impõe "muito respeito".

"Estamos confiantes porque temos feito muitos sacrifícios para conseguirmos fazer um resultado que deixe o polo aquático português orgulhoso", avançou Mariana Sarmento, jogadora há 20 anos, altura em que participava em estágios nas seleções juniores e via as seniores a disputar provas internacionais.

"Sabia que ia exigir bastante trabalho mas acreditei até agora [que seria possível regressar ao Europeu] e foi o cumprir de um sonho", disse a capitã.

Catarina Reis é, por sua vez, a atleta mais jovem de Portugal. Com 20 anos, a pivot quer "pelo menos ganhar à Turquia" e remete para a guarda-redes, Janet Sousa, a missão de não deixar que muitos golos entrem na baliza lusa.

"No nosso grupo temos seleções de topo. Já sabemos que vão ser jogos complicados. Não são jogos muito ao nosso nível. Vamos dar tudo", disse a guardiã, cujas principais características são a força de pernas e a rapidez de reação.

E ambas partilham com o selecionador e com a capitã a ideia de que para Portugal chegar ao topo são precisas horas de treino iguais às das outras equipas.

"São jogadoras profissionais que treinam cerca de seis/sete horas por dia que é quase a carga horária nossa por semana. Se tivéssemos isso quase que jogávamos também para as medalhas. Estas atletas têm condições e talento, portanto conseguíamos jogar de igual contra essas potências", considerou Miguel Pires, líder de uma equipa que tem apenas duas atletas profissionais, Inês Braga e Inês Nunes que jogam em Espanha, no WP 9802.

Com cerca de 300 praticantes em Portugal, o polo aquático português não tem, admite o diretor-técnico, "um leque de escolha grande", mas está a efetuar um "percurso pela base" com a Federação Portuguesa de Natação "a trabalhar para fazer a modalidade crescer de forma sustentada".