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Quetzal homenageia V.S. Naipaul com publicação de 'Uma vida pela metade'

A editora Quetzal vai lançar em novembro o romance "Uma vida pela metade", do escritor V.S. Naipaul, que morreu no sábado, antecipando uma publicação que estava agendada para fevereiro do próximo ano, como forma de homenagear o autor.

Quetzal homenageia V.S. Naipaul com publicação de 'Uma vida pela metade'
Notícias ao Minuto

14:00 - 13/08/18 por Lusa

Cultura Literatura

"O desaparecimento de V.S. Naipaul leva a Quetzal a antecipar a publicação do seu romance 'Uma Vida pela Metade', inicialmente agendado para fevereiro, já para novembro deste ano -- como uma homenagem ao autor de obras tão notáveis como 'A Curva do Rio', 'Uma Casa para Mr. Biswas' ou 'O Enigma da Chegada', entre outras", revelou a chancela do grupo Bertrand, através de um comunicado, no qual manifesta as suas "condolências pelo desaparecimento de um dos mais entusiasmantes autores".

No livro 'Uma Vida pela Metade', um homem indiano desafia a herança brâmane e casa com uma mulher de uma casta inferior, uma união que se revela desastrosa e da qual nasce Willy Somerset Chandran, personagem deste romance que tenta encontrar um sentido para a vida no exílio.

A história contada neste romance passa também por Moçambique, numa altura em que os portugueses estão prestes a abandonar aquele país, adianta ainda a editora.

Vidiadhar Surajprasad Naipaul, conhecido como V.S. Naipaul, foi um escritor britânico-caribenho, de origem indiana, agraciado com o prémio Nobel da Literatura em 2001, que morreu no sábado, aos 85 anos, na sua casa em Londres.

A mulher do escritor, Nadira Naipaul, recorda-o como "um gigante em tudo o que alcançou" e adianta que o marido morreu "rodeado por aqueles que amava" e "viveu uma vida cheia de criatividade maravilhosa e esforço".

No discurso de atribuição do Prémio Nobel a Naipaul, o júri considerou que tinha "uma narrativa percetiva unida e um escrutínio incorruptível em trabalhos que obrigam a reparar na presença de histórias reprimidas".

Com uma carreira que abarcou meio século, o escritor viajou, numa descrição feita pelo próprio, como um "colonial descalço" da rural ilha de Trinidad (Trindade e Tobago) para a classe alta inglesa, conquistando os mais cobiçados prémios literários e um título de nobreza (foi ordenado cavaleiro), sendo elogiado como um dos maiores escritores ingleses do século XX.

Entre as suas obras mais aclamadas estão os romances, traduzidos em português, 'A Curva do Rio' ou 'Uma Casa para Mr. Biswas', sendo ainda autor de 'Uma Vida pela Metade', 'Num Estado Livre' (que lhe valeu a atribuição do Prémio Man Booker), 'A Máscara de África' ou 'Para Além da Crença', entre dezenas de outros.

A sua obra explorava o colonialismo e a descolonização, o exílio e as lutas do homem comum num mundo em desenvolvimento -- temas que ecoam as suas origens e a sua trajetória.

Apesar de a sua escrita ser amplamente elogiada pela compaixão em relação aos mais pobres e aos deslocados, Naipaul ofendeu muitas pessoas com o seu comportamento e piadas sobre antigos súbditos do império britânico.

Descendente de indianos empobrecidos embarcados para as Índias Ocidentais como trabalhadores em regime de semi-escravatura, V.S. Naipaul -- ou Vidia, para os que o conheciam de perto -- nasceu a 17 de agosto de 1932, na ilha de Trinidad, nas Caraíbas, mas vivia em Inglaterra desde 1950.

O autor visitou Portugal por três vezes, a última das quais em 2016, como participante no festival Fólio, em Óbidos.

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