Sindicato do Calçado queixa-se ao Ministério Público
O Sindicato do Calçado anunciou hoje que avançou com uma queixa-crime contra a empresa Ajax, do concelho da Feira, que deixou cerca de 50 trabalhadores sem salários, recorrendo a um "encerramento temporário" pelo qual não pagou a devida caução.
© Reuters
País Santa Maria da Feira
Em causa está a fábrica que, na cidade de Fiães, fechou as portas a semana passada, tendo em dívida para com o seu pessoal parte do subsídio de férias e os salários de agosto e setembro.
"Mandaram uma carta a cada trabalhador a dizer que iam proceder a um 'encerramento temporário' por 30 dias, mas isso obriga sempre ao pagamento de uma caução ao IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional]", revelou à Lusa Fernanda Moreira, dirigente do referido Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra.
"Como nós já fomos verificar e sabemos que eles não pagaram caução nenhuma, avançámos com um processo-crime no Ministério Público", acrescentou a sindicalista.
A justificação da empresa para o encerramento temporário terá sido "a falta de encomendas" e as dificuldades económicas daí resultantes.
"Disseram aos trabalhadores que, se algum quisesse suspender o contrato, a empresa aceitava e assinaria os documentos", admitiu Fernanda Moreira. "Mas a administração da fábrica não pode passar para os funcionários uma responsabilidade que não é deles", realçou.
Os trabalhadores da Ajax aguardam agora que se cumpram três meses de salários em atraso - prazo que se completa a 18 de outubro - para poderem oficializar o despedimento por justa causa.
Para o PCP da Feira, que se pronunciou sobre o mesmo assunto em comunicado, esta situação "é ainda mais grave e paradoxal tendo em conta que os responsáveis desta unidade industrial estão a laborar há vários meses numa outra freguesia, no maior dos segredos e em aparente ilegalidade".
"Tudo isto acaba por vir confirmar, mais uma vez, as dificuldades que as pequenas e médias empresas sentem atualmente para sobreviver, fruto das políticas dos vários Governos que potenciam a concentração da produção em grandes grupos económicos", defende o documento comunista.
"Por outro lado, o que se está a passar com a Ajax deita por terra o quadro fantasioso que o atual presidente da Câmara da Feira tenta 'pintar' sobre a percentagem pretensamente reduzida de desemprego no concelho feirense", conclui o PCP, argumentando que essa análise, "à imagem da que tem sido difundida pelo Governo de Passos e Portas, omite os números da emigração em massa e os desempregados em ações de formação".
A Lusa tentou contactar a administração da fábrica Ajax, para obter um esclarecimento sobre o tema. Na localização que é conhecida como pertencendo à empresa, não foi possível estabelecer nenhum contacto.
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