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Forças pró-ocidentais esperam reforçar poder com legislativas de domingo

A Ucrânia celebra no domingo as primeiras eleições legislativas desde a conquista do poder pela oposição pró-ocidental e oito meses após os protestos na praça Maidan, com uma perspetiva de reforço político para o atual governo de Kiev.

Forças pró-ocidentais esperam reforçar poder com legislativas de domingo
Notícias ao Minuto

16:30 - 23/10/14 por Lusa

Mundo Ucrânia

A generalidade dos observadores admite que a nova Rada Suprema (parlamento) proveniente deste escrutínio antecipado vai confirmar a hegemonia da corrente representada pelo presidente do país Petro Poroshenko, e pelo primeiro-ministro Arseni Iatseniuk, quando prossegue a rebelião no leste com maioria de população russófona.

A paisagem política alterou-se desde as manifestações das oposições do último inverno na praça Maidan -- a emblemática praça da Independência em Kiev e epicentro dos protestos --, que implicaram o derrube do ex-presidente Viktor Ianukovitch, considerado um aliado de Moscovo.

Entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 impunham-se três forças políticas que contestavam o ex-presidente: o Batkivchtchina (Pátria) da ex-primeira-ministra Julia Timoshenko e de Iatseniuk, que entretanto formou outro partido; o Udar (Golpe) do ex-boxista Vitali Klitschko, e o ultranacionalista Svoboda (Liberdade).

Após a alteração do poder em Kiev, e a vitória nas presidenciais de 25 de maio do magnata Poroshenko, a plataforma eleitoral que lidera e à qual aderiu Klitschko surge como a favorita nas sondagens, com entre 24% e 40% das intenções de voto dos eleitores que já fizeram a sua escolha.

As sondagens colocam na segunda posição (12,9%) o Partido Radical de Oleg Lyashko, um político polémico e populista e com posições muito duras face aos rebeldes pró-russos das regiões de Donetsk e Lugansk. Segue-se a Frente Popular do primeiro-ministro Iatseniuk (10,8%), o Samopomitch (8,5%), principalmente integrado por militantes da sociedade civil, e a formação de Timoshenko (7,5%).

Estas sondagens apenas abrangem 225 dos 450 deputados, e eleitos por lista. A outra metade será escolhida em circunscrições onde não foram divulgadas quaisquer projeções.

Todas as formações que surgem nas sondagens são pró-ocidentais, uma alteração substancial face às legislativas de 2012 quando o Partido das Regiões de Ianukovitch, refugiado desde fevereiro na Rússia, venceu o escrutínio com 30% dos votos. Esta formação anunciou em setembro que não ia concorrer às eleições de domingo.

No entanto, mais de um terço dos eleitores permanece indeciso e a sua opção poderá ser decisiva para os partidos que gravitam em torno dos 5% de votos, a barreira necessária para entrar no parlamento, caso do Partido Comunista (13,1% em 2012) e que se arrisca agora a desaparecer da vida política do país após diversas argúcias legais.

Poroshenko espera assim reforçar o seu poder, assente num apoio sólido de uma Rada com novas atribuições e extirpada das forças "pró-russas".

No entanto, também deverá enfrentar as críticas de uma parte da opinião pública que considera uma derrota o atual processo de paz no leste da Ucrânia, ao ser reconhecido de facto o controlo das forças separatistas de uma parte da bacia hulhífera de Donbass, na sequência de uma guerra que surgiu subitamente e com um governo central pouco preparado para enfrentar o desafio.

Os habitantes destas zonas rebeldes não vão votar no domingo, e os líderes locais já anunciaram eleições "paralelas", previstas para 2 de novembro.

A própria Comissão eleitoral já reconheceu que nas regiões separatistas apenas será possível votar num número muito restrito de circunscrições controladas pelo governo central.

Outro importante desafio dos novos dirigentes relaciona-se com os elevados níveis de corrupção, incluindo nas instituições estatais, num país que conhece uma profunda depressão económica.

O salário médio na Ucrânia ronda os 204 euros, enquanto o soldo de um soldado incorporado no exército varia entre 144 euros e 326 euros, dependendo do posto e da especialidade.

A antiga jornalista Tetyana Chornovil, designada pelo novo governo para liderar o combate à corrupção demitiu-se recentemente do cargo. "Na Ucrânia não existe vontade política para uma guerra inflexível e em larga escala contra a corrupção", considerou Chornovil numa declaração.

A crise ucraniana também se desenrola num tabuleiro geopolítico complexo, onde se chocam os interesses contraditórios dos Estados Unidos e União Europeia (UE), muito próximos de Poroshenko e Iatseniuk, e da Rússia de Vladimir Putin, que já visitou a "anexada" Crimeia.

Neste quadro, existe quase a certeza de que o futuro da Ucrânia decidirá o futuro da Rússia, e que o futuro da Rússia terá um impacto substancial no futuro da Europa.

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