Inaky Blanco Cabrera, procurador-geral do estado de Guerrero, disse que o exército e a polícia estatal têm realizado operações de busca pelos estudantes -- em terra e com o apoio de um helicóptero - desde que foi reportado, no domingo, o desaparecimento.

Os estudantes desapareceram na sequência de um surto de violência na cidade de Iguala, que estalou ao final do dia de sexta-feira, o qual fez seis mortos e 25 feridos em diferentes zonas do município.

Colegas dos estudantes de uma escola de formação rural de Ayotzinapa partiram janelas e arrombaram portas do órgão legislativo estatal na capital de Guerrero, Chilpancingo, num protesto levado a cabo na segunda-feira em que pediram justiça pelos mortos e exigiram informações sobre o paradeiro dos desaparecidos.

Quatro pessoas morreram em ataques perpetrados por grupos de homens armados, envergando máscaras, os quais dispararam contra automóveis e autocarros que transportavam uma equipa de futebol da terceira divisão, matando dois jogadores.

As autoridades mexicanas indicaram que outras duas pessoas morreram depois de a polícia municipal ter aberto fogo contra autocarros que foram tomados por estudantes que protestavam contra práticas discriminatórias de contratação.

Vinte e dois agentes municipais foram detidos, incluindo 16 que se acredita terem disparado. No total, os investigadores interrogaram 162 agentes.

"É inegável que houve um excessivo uso da força", disse Blanco Cabrera aos jornalistas, em Acapulco, acrescentando que "não havia justificação para a utilização de armas de fogo".

Os polícias negaram ter atacado os estudantes, sendo que três indicaram que dispararam tiros para o ar, informou o mesmo responsável.

Neste sentido, as autoridades investigam agora a possibilidade de "desaparecimentos forçados", termo que é usado para descrever o rapto de pessoas pelas forças de segurança.

Câmaras de vigilância do trânsito captaram imagens de civis nas traseiras de um carro da polícia municipal, enquanto uma testemunha disse que os estudantes foram vistos nas celas da prisão da cidade, acrescentou.

Guerrero é um dos estados mais pobres e mais violentos do México, atingido por frequentes confrontos entre cartéis de droga.

O caso dos estudantes coloca em evidência a taxa de desaparecimentos no México, país onde há mais de 22 mil cujo paradeiro se desconhece.

Gangues e forças de segurança acusam-se mutuamente, sendo que as autoridades também argumentam que alguns desaparecidos são pessoas que deixaram voluntariamente as suas casas como migrantes.