O estudo, da autoria de José Mata e Luís Filipe Lages, contou com as respostas de mais de 50 empresas, uma taxa de respostas acima dos 40%, e foi divulgado durante a conferência ‘Investimento francês em Portugal: uma plataforma para chegar longe’, que decorreu, esta terça-feira, em Lisboa.

De acordo com o estudo, 20% das empresas francesas que responderam ao inquérito estão há mais de 40 anos no mercado português.

"As empresas francesas estão em Portugal há muito tempo e parecem estar para ficar", sublinhou, em declarações à Lusa, José Mata, adiantando que afirmam estar "satisfeitas com o seu desempenho" no mercado português, apesar da actual crise económica.

"Elas olham para uma perspectiva de longo prazo" e consideram Portugal "um mercado atractivo para investir", disse.

Outros dos dados que o estudo revela é que além de França, que é o principal destino das exportações da maioria das empresas francesas, os países de língua oficial portuguesa - como Angola, Moçambique e Cabo Verde - são apostas com peso nas vendas exteriores.

30% das empresas francesas responderam que o primeiro destino das suas exportações é Angola, 11% disse que o segundo destino é Moçambique (contra 33% para Espanha) e Cabo Verde ocupa o terceiro lugar, com 7%, contra 15% para a Alemanha.

Segundo o estudo, "Portugal é uma boa plataforma de acesso aos países de expressão portuguesa", com 55% a responder que considera Portugal atractivo neste sentido.

Outro dos pontos que José Mata destacou é "o grau de satisfação elevado com fornecedores, trabalhadores e clientes locais", apontando que as empresas francesas, segundo os dados obtidos, estão "satisfeitas com a produtividade e qualidade do trabalho" em Portugal.

As empresas francesas empregam em média 166 trabalhadores por ano e o valor das suas exportações ronda os 9 milhões de euros, além de terem salários e rentabilidades acima da média.

A maioria destas empresas estão localizadas mais a Norte do país do que as restantes estrangeiras e a maior parte delas disse que mais de 50% dos seus colaboradores têm formação superior.

O estudo refere que a maioria está satisfeita com a sua actividade recente, em particular na exportação, citando um dos inquiridos: "Trabalhamos com muitas empresas exportadoras e o impacto da crise não foi assim tão negativo. Muitas empresas estão a conseguir exportar".

Além disso, há empresas francesas a revelarem intenções de investimento, com 43% a responder afirmativamente sobre o assunto.

"Neste momento diria que é bom vir para Portugal. Compra-se tudo em saldo porque muitas empresas não se conseguem financiar", refere um dos inquiridos, citado no estudo.

A burocracia, o sistema judicial lento e o facto de muitas vezes os centros de decisão das multinacionais estarem localizados em Espanha são constrangimentos apontados no estudo em termos de investimento em Portugal.