'A moura e o príncipe' visa "humanizar" a figura de D. Afonso Henriques
Luís Lourenço, autor do romance histórico 'A moura e o príncipe', que ficciona uma relação entre uma moura e o primeiro rei de Portugal, disse que procurou, através da narrativa, "humanizar a figura de D. Afonso Henriques".
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Cultura Luís Lourenço
"A minha grande intenção foi humanizar a figura de D. Afonso Henriques, pois a maior parte das pessoas habituou-se a ver D. Afonso Henriques já com uma certa idade, carrancudo, um déspota, e eu procurei humanizá-lo", através de uma paixão pela moura Fátima, que lhe transmite um segredo, disse à Lusa o escritor, médico reformado, de 81 anos.
"Havendo um fundo histórico, esta é uma ficção, há lugar à imaginação e eu gosto de indiciar ao leitor um certo desfecho e, no final, revelar-lhe outro, sem ser contraditório com a narrativa", disse.
"Há na própria História coisas muito controversas, como o local da batalha de Ourique, apontando-se diferentes locais e interrogando-se os historiadores sobre a capacidade de D. Afonso Henriques se ter deslocado tão rapidamente, do norte para sul, e eu contornei a questão, arranjando um sósia", contou.
Luís Lourenço disse à Lusa que é um leitor assíduo e atento da História de Portugal, e daí ter procurado traçar "um fresco da época medieval", e de alguma forma relacionado com a região onde vive, Monte Real, nos arredores de Leiria.
"Mais difícil foi usar a terminologia coeva, mas investiguei, e acho que consegui", disse.
"Esta obra começou por ser um conto, mas fui-me entusiasmando, e imaginando situações, encadeando, e acabou por ir crescente", disse o autor que levou "cerca de seis meses a escrevê-lo"
'A moura e o príncipe. A paixão secreta de D. Afonso Henriques', com a chancela da Parsifal, é o 11.º livro do autor, que já foi distinguido pela Academia de Letras e Ciências de S. Lourenço, do Brasil, com o Prémio Hebron de Literatura, e pela Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos de Portugal, com o Prémio Revelação, entre outros galardões, como o Prémio Afrânio Peixoto, em 1997.
Questionado pela Lusa sobre o interesse dos leitores pela ficção histórica, Luís Lourenço afirmou que "é uma espécie de catarse levada pela degradação para a qual tem caminhado o país".
"Procura-se uma reabilitação do país através do passado, que nem sempre foi glorioso", afirmou, acrescentando que, "em situações de crise, as pessoas, normalmente, procuram refúgio nas letras".
Em mãos, o autor afirmou estar a trabalhar "numa espécie de lengalenga, com desenhos de uma criança - e daí o título, 'Dos 08 aos 80'" -, na autobiografia "e em outras coisas, como uma fábula".
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