Ator e 120 cidadãos 12 horas a declamar "Os Lusíadas"
O Centro de Arte de Ovar recebe no sábado 12 horas quase consecutivas de narração de "Os Lusíadas", num espetáculo do ator António Fonseca e que envolve também 120 cidadãos daquela cidade e das de Braga, Felgueiras e Porto.
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Cultura Artes
O projeto tem por base os vários anos de experiência do ator na declamação pública dessa obra maior de Luís Vaz de Camões, o que originou a encomenda deste novo espetáculo por parte das quatro autarquias - sendo que Ovar recebe a estreia e os outros municípios lhe sucedem.
"No fundo, este vai ser um 'happening' sobre uma obra que, por exigir muita competência técnica e gramatical, é realmente muito difícil de ler, mas muito fácil de ouvir", declarou António Fonseca à agência Lusa.
"A partir das 10:00 vou começar a dizer o Canto I e depois seguem-se os outros, com intervalos de 10 minutos entre si e uma pausa para o almoço, até que às 23:00 se apresentam as outras 120 pessoas em palco, para lerem comigo o Canto X", acrescenta.
O bilhete para o espetáculo custa 5 euros e dá acesso à versão integral de "Os Lusíadas", mas os espetadores têm liberdade para escolher entre o visionamento total ou parcial da apresentação.
"Como esta é uma obra mais ou menos conhecida, as pessoas têm referências", reconhece António Fonseca. "Por isso é que há umas que vão ver tudo e outras vão escolher só a parte sobre a Inês de Castro no Canto III, o Adamastor no Canto V, a chegada à Índia no VII, ou a Ilha dos Amores no IX", antecipa.
O elemento comum a cada um desses atos será um estilo literário que revela "uma grande obra coletiva, que toda a gente aponta como a matriz da Língua Portuguesa".
Quanto aos 120 declamadores de Ovar, Braga, Felgueiras e Porto, António Fonseca afirma que a sua participação é voluntária e surgiu em resposta ao apelo lançado por cada uma das autarquias.
Os ensaios foram distribuídos pelas diferentes cidades e implicaram a memorização de cerca de 15 estrofes, num registo oral coincidente com o de António Fonseca.
Independentemente da área de residência desses voluntários, o grupo atua, contudo, em conjunto, envolvendo desde elementos com cinco anos de idade até septuagenários.
"O resultado é comovente", defende António Fonseca. "Houve duas ou três regras que as pessoas tiveram que seguir, para saberem falar um texto escrito e articularem bem as palavras, e, quando finalmente o conseguem, torna-se especial ver um avô e um neto a partilharem uma estrofe, um pai e um filho a pronunciarem os mesmos versos", explica.
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