"Pedi ao meu assistente para apagar a minha conta do Facebook imediatamente e remover meu nome do Facebook. Volto ao meu canal do Telegram, que é mais eficaz. Também criei uma nova conta no Tik Tok", disse Hun Sen, numa mensagem divulgada na plataforma Telegram, onde marca presença com quase 900 mil seguidores.
Hun Sen, de 71 anos, publicava com regularidade no Facebook, onde tinha 14 milhões de seguidores. O dirigente tem ainda conta ativa no Instagram, com 167 mil seguidores, e no Telegram, YouTube, Twitter e TikTok.
Na publicação, Hun Sen não faz referência ao pedido feito pela Meta - proprietária do Instagram e do Facebook -, na sequência de um vídeo que publicou na página pessoal do Facebook em resposta a uma acusação de que o Partido do Povo do Camboja, do qual é líder, teria cometido fraude nas eleições locais de 2022.
O Presidente, no poder desde 1985, ameaçava enviar os seus seguidores para espancar os críticos.
A polémica ocorre a menos de um mês das eleições gerais no país, agendadas para 23 de julho, às quais o partido de Hun Sen concorre praticamente sem oposição, depois de a comissão eleitoral ter desqualificado em maio o partido Candlelight Party.
Esta formação sucedeu ao Partido de Resgate Nacional do Camboja (CNRP, na sigla em inglês), cujos principais dirigentes estão no exílio, após uma campanha de perseguição que terminou em 2017 com a ilegalização do grupo.
Hun Sen governa o país desde 1998, sendo um dos líderes mundiais que se encontra há mais tempo no poder sem interrupção. Desde 2018 que não tem oposição, uma vez que o partido que lidera ocupa todos os 125 assentos parlamentares.
A Meta recordou num relatório, na quinta-feira, "o histórico de violações e intimidações de opositores políticos por parte de Hun Sen e o seu uso estratégico de redes sociais para amplificar as ameaças".
Sobre a saída de Hun Sen do Facebook e a passagem para o Telegram, o vice-diretor para a Ásia da Human Rights Watch, Phil Robertson, considerou hoje, em comunicado, que "muitos dos estragos no mundo decorrem de quando líderes autoritários usam as redes sociais para incitar à violência", como se observou "tantas vezes no Camboja".
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