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"Não preciso de ajustar contas com ninguém. A vida correu-me muito bem"

Cavaco Silva, ex-Presidente da República, cedeu uma entrevista à RTP3 onde fala do livro 'Quinta-feira e outros dias'.

"Não preciso de ajustar contas com ninguém. A vida correu-me muito bem"
Notícias ao Minuto

21:10 - 23/02/17 por Inês André de Figueiredo

Política Ex-presidente

"Este livro têm um objetivo: prestar contas aos portugueses pelo exercício de casos públicos". Foi desta forma que Cavaco Silva iniciou a conversa, em resposta à ideia de que o lançamento pressupunha marcar o seu mandato como Presidente da República.

O social-democrata mostrou que tem como hábito lançar livros cada vez que exerce um cargo público, como fez anteriormente como ministro das Finanças e do Plano de Sá Carneiro e enquanto primeiro-ministro.

O prestar de contas e o dar a conhecer a magistratura de influência

Confrontado com o facto de as conversas expostas no livro deverem ser de cariz privado, Cavaco Silva é perentório: “Não podia deixar de publicar aquilo que se passou na via mais importante na magistratura de influência”.

As conversas que tive com algumas personalidades foram privadas mas não secretas, só que essas conversas constituem a parte substancial da magistratura de influência do Presidente da República”, explica, frisando que, na sua opinião, “é através da interação entre o Presidente e o Governo que ele exerce a sua magistratura de influência”.

Cavaco Silva realça que o lançamento do seu livro vem “preencher uma lacuna que existe em Portugal quanto ao conhecimento do exercício dos poderes presidenciais”.

“Até aqui, o que se conhece são basicamente os poderes negativos do Presidente: os vetos dos diplomas, o pedido de inconstitucionalidade, a dissolução de Assembleia da República. E, afinal, não se conhece a parte mais importante pela qual o Presidente exerce a magistratura de influência”, justifica. 

José Sócrates e o (não) ajuste de contas

Questionado pelo jornalista Vítor Gonçalves sobre as referências existentes a José Sócrates ao longo do livro, o ex-Presidente da República garante não ter problemas.

Eu não preciso de ajustar contas com ninguém. A vida correu-me muito bem”, atira, justificando-o com o facto de ter atingido o sonho de ser professor catedrático e de ter vingado na política.

Contudo, Cavaco Silva ressalva que "a maior parte das reuniões [com Sócrates] foram cordiais e de respeito mútuo".

Ainda sobre o antigo primeiro-ministro...

Cavaco Silva garante que não está a par do process o judicial Operação Marquês, onde José Sócrates é o principal. 

“Não tenho acompanhado esse processo, mas fiquei totalmente surpreendido. No decurso das reuniões que tive com o primeiro-ministro José Sócrates, nunca me apercebi de qualquer atuação legalmente menos correta”, esclareceu.

'Escutas' em Belém

O chamado caso das "escutas" a Belém foi outro dos temas abordados na entrevista, com o antigo Presidente da República a reiterar a tese de que "algumas pessoas do PS coligadas com alguns meios de comunicação social tentaram criar uma intriga" para o envolver nas eleições legislativas que se realizaram em setembro de 2009 e denegrir a sua imagem.

"Eu estava de férias em agosto (....) era uma intriga típica de verão para encher as páginas dos jornais", disse, repetindo que, a forma como encarou inicialmente o assunto, foi como "uma historieta de verão" .

"Percebi tardiamente o objetivo", lamenta.

E o sucessor Marcelo?

Sobre Marcelo Rebelo de Sousa, Cavaco Silva garante que não dirige palavras do seu livro ao atual Presidente da República, até porque a parte do livro lida pelo jornalista foi escrita pelo social-democrata “antes de saber quem seria o Presidente”.

“Neste livro dou a minha opinião sobre o exercício da Presidência da República. Eu falo de mim e do meu entendimento e, como lhe disse, as referências que faço às regras, foram escritas antes da campanha eleitoral”, esclarece.

“Tenho um grande respeito pelos PR que me antecederam quer pelo PR atual e ninguém, em princípio, me irá ouvir nenhum comentário sobre a forma como exerceram ou estão a exercer as funções”, acrescenta.

Sobre a 'Geringonça' prefere não falar

No que diz respeito à atual solução governativa, o antigo chefe de Estado confidenciou que a realidade o ultrapassou, escusando-se a tecer mais considerações acerca da atuação do Governo de António Costa, sustentado pela maioria parlamentar à Esquerda.

Apesar da insistência do jornalista, instigando Cavaco Silva a avaliar o desempenho do Executivo, o ex-Presidente da República foi firme e preferiu resguardar-se.

"Política nunca mais"

Quase um ano depois de ter terminado o segundo mandato como Presidente da República, Cavaco Silva desvalorizou a "avaliação negativa" que os portugueses lhe fizeram quando saiu de Belém, repetindo que "sondagens, ruídos mediáticos, trepidações políticas, espuma dos dias" nunca influenciaram as suas decisões.

"Saí totalmente tranquilo, realizado", disse, garantindo que, ao fim de 30 anos na política é altura de colocar um ponto final.

"Política nunca mais", assegurou.

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