Com cerca de um milhão e 913 mil eleitores inscritos, o círculo de Lisboa elege mais de um quinto dos deputados à Assembleia da República, 48 em 230, e é onde um maior número de forças políticas tem conseguido mandatos.
Nas 18 eleições legislativas realizadas desde o 25 de Abril, incluindo as de 1975 para a Assembleia Constituinte, o PS foi 11 vezes a força mais votada no distrito de Lisboa, enquanto o PSD, sozinho ou em coligação com CDS-PP e/ou PPM, venceu sete vezes neste círculo.
Até 2005, o terceiro lugar neste distrito foi dos comunistas -- o PCP sozinho ou através das coligações APU e CDU. O PRD foi a terceira força mais votada em 1985 e o CDS-PP em 2009 e 2011. Em 2015 e 2019 esse lugar coube ao BE, e mais recentemente, em 2022 e em 2024, ao Chega.
No círculo eleitoral da capital, a força mais votada tem quase sempre coincidido com o vencedor a nível nacional, com duas exceções até agora.
A primeira exceção foi em 2002, quando o PSD então presidido por Durão Barroso venceu as legislativas, mas no círculo de Lisboa o mais votado foi o PS, com Ferro Rodrigues como secretário-geral, que obteve mais dois mandatos.
A situação repetiu-se no ano passado. Com Luís Montenegro à frente do PSD, a Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM) venceu por escassa margem a nível nacional, mas no distrito de Lisboa o PS liderado por Pedro Nuno Santos teve mais votos, suficientes para conseguir mais um eleito.
Neste círculo, o melhor resultado conseguido pelo PS foi o de 1975, para a Constituinte, em que recebeu mais de 583 mil votos, 45,98% do total, seguindo-se os de 1995 e 2005, eleições em que voltou a superar os 500 mil votos.
O recorde de votos do PSD em Lisboa foi em 1987: mais de 564 mil votos, 45,82% do total. O PSD teve outros resultados acima de meio milhão de votos neste distrito, nas legislativas de 1979 e 1980, com a AD, e em 1991.
Nas eleições de 1975 a 1983, a maior fatia dos votos no círculo de Lisboa foi para os partidos à esquerda, mesmo em 1979 e 1980, quando a AD de Sá Carneiro conseguiu maiorias absolutas no parlamento.
Em 1985, o PRD desequilibrou transitoriamente o quadro político, tornando-se a terceira força parlamentar, sem a qual os tradicionais partidos à esquerda ou à direita não formavam maioria, também em Lisboa.
Em 1987 e 1991, nas maiorias absolutas do PSD, com Cavaco Silva, os partidos à direita somaram mais votos do que a esquerda em Lisboa, perto de 50%.
Depois, de 1995 até 2009, anos em que predominou a governação do PS, o voto nas forças à esquerda voltou a ser maioritário neste distrito.
Em 2011, o PSD presidido por Pedro Passos Coelho venceu no país e em Lisboa, onde as forças à direita no espectro político recolheram mais votos do que as candidaturas à esquerda.
Em 2015, apesar de ter sido a coligação PAF (PSD/CDS-PP) a força mais votada, os partidos à esquerda foram maioritários neste círculo e a nível nacional, o que possibilitou a governação do PS chefiada por António Costa.
A esquerda permaneceu maioritária no círculo da capital durante a época da chamada "Geringonça", em 2019, e posteriormente, quando o PS obteve maioria absoluta no parlamento, em 2022, mas com menor expressão face ao crescimento de novos partidos como Chega e IL.
Em 2024, o PS foi o mais votado em Lisboa, mas o conjunto das forças políticas à direita recolheu a maior fatia dos votos.
Há 18 candidaturas neste distrito às legislativas antecipadas de 18 de maio, onde a AD tem como cabeça de lista o atual ministro das Finanças, Miranda Sarmento, o PS a ex-ministra Mariana Vieira da Silva e o Chega o presidente do partido, André Ventura.
A IL aposta na líder parlamentar, Mariana Leitão, o BE na sua coordenadora, Mariana Mortágua, a CDU no secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, enquanto Livre e PAN têm os respetivos porta-vozes, Rui Tavares e Inês de Sousa Real, no primeiro lugar.
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