Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos estiveram em quase total desacordo sobre o tema da saúde no frente-a-frente televisivo entre os dois, transmitido em simultâneo por RTP, SIC e TVI a partir das instalações do Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa.
Para o presidente do PSD, o atual Governo colocou "em transformação o SNS, que está a diminuir os prazos para a marcação de consultas e realização das consultas e das cirurgias", embora persistam "muitos constrangimentos".
Neste ponto, o primeiro-ministro e líder da AD -- coligação PSD/CDS-PP afirmou que o funcionamento do SNS "foi agravadíssimo nos últimos oito anos, sob a responsabilidade de Pedro Nuno Santos e, já agora, daquele que exibe como a grande esperança do PS para a área da saúde", Fernando Araújo, antigo secretário de Estado e antigo diretor executivo do SNS, que encabeça a lista socialista pelo círculo do Porto.
"Agradeço que Luís Montenegro tenha lembrado aqui Fernando Araújo, porque é, de facto, das figuras na área da saúde mais consensuais na sociedade portuguesa, elogiado por muitas personalidades de direita, julgo até pelo candidato a Presidente da República apoiado pela AD", reagiu Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral do PS que a saúde "é mesmo a área de maior falhanço do Governo da AD".
"E por responsabilidade direta e pessoal de Luís Montenegro, que criou a expectativa nos portugueses de que era fácil e rápido resolver os problemas de saúde", alegou o líder socialista.
No último ano, de acordo com o primeiro-ministro, o Governo valorizou o estatuto remuneratório e a progressão das carreiras dos profissionais de saúde, fazendo um acordo com os médico e, ao nível da saúde familiar, apostou na criação de mais unidades de saúde familiar de tipo B ou de tipo C.
Na questão das parcerias público-privadas (PPP) para o setor da saúde, considerou comprovado que permitem uma melhor gestão e atribuiu ao PS preconceitos ideológicos.
"Nos oito anos que nos precederam, os governos [socialistas] prenderam-se às amarras ideológicas, que são aliás muito próximas do pensamento político de Pedro Nuno Santos e daqueles que foram os seus parceiros privilegiados na governação e que se estima possam ser também numa hipotética solução do Governo que ele preconiza: o BE ou o PCP", acusou.
Também relevante foi o facto de, nesta parte do debate, Luís Montenegro ter assumido que, em matéria de programa para a medicina geral e familiar, prometeu que, até ao final de 2025, tentaria ter uma resposta para todos os cidadãos prioritários.
"Mas sou honesto: nós não íamos conseguir atingir esse resultado no final do ano 2025. No mais rápido prazo possível, quero cumprir esse desígnio, mas não vou avançar uma data concreta, porque não tenho elementos ainda suficientes para o poder fazer", alegou.
Um ponto que levou o secretário-geral do PS a afirmar que Luís Montenegro "criou a expectativa nos portugueses de que era fácil e rápido resolver os problemas de saúde".
"Prometeu médicos de família para todos os utentes -- e temos mais de 50 mil utentes sem médicos de família do que tínhamos há um ano.
Sobre as parcerias público-privadas (PPP) na saúde, Pedro Nuno Santos acusou o Governo de pretender "passar para PPP cinco hospitais, mais de 170 centros de saúde, sem ter apresentado a devida fundamentação".
Em contraponto, defendeu um caminho alternativo de concessão de maior autonomia de gestão às administrações dos hospitais.
"Tenho a certeza que com maior autonomia e maior flexibilidade de gestão os nossos hospitais podem ser melhor geridos, sem os termos de entregar à gestão de privados", acrescentou.
[Notícia atualizada às 22h42]
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