O ex-ministro das Infraestruturas João Galamba defendeu, na noite de terça-feira, na SIC Notícias, que a nacionalização da REN - Redes Energéticas Nacionais não tinha impedido o apagão energético de segunda-feira, 28 de abril.
"Independentemente do que a investigação ao que se passou irá apurar há coisas que não tiveram nada a ver. Podemos ter essa discussão sobre a nacionalização da REN. Há certamente áreas da atuação da REN em que essa discussão faz sentido. No entanto, em relação a este evento parece-me irrelevante, até porque tivemos um operador 100% público, que é a Rede Elétrica de Espanha, e a REN, que é um operador 100% privado, com concessão de serviço público e não me parece que tenha havido grande diferença no comportamento de um e de outro", salientou, elogiando até a REN.
"A REN não teve um dia fácil. Apesar de estarmos 10 horas sem eletricidade a recuperação do zero de um 'blackout' desta natureza ter acontecido em 10h - sem desvalorizar os custos que estas 10 horas tiveram e foram custos muito significativos - foi um trabalho notável no operador de rede na reposição do sistema. Muitas vezes é um trabalho incompreensível e invisível", realçou.
"Portugal não tem nenhuma incapacidade de geração"
Para João Galamba o que é importante neste momento é avaliar "a gestão e a dificuldade de gerir um sistema elétrico no contexto atual" e perceber qual o "investimento necessário para que a gestão seja compatível com a estabilidade" e não estar com "questões laterais".
"É importante olhar para esses desafios e cingir ao que que está verdadeiramente em causa e não entrar em questões laterais, sobre centrais a carvão, invenções sobre alegadas independências, incapacidades de Portugal face a Espanha. Nada disso faz sentido, nada disso tem relação com o que aconteceu ontem. O tema é demasiado importante para andarmos com questões laterais", atirou o socialista, lembrando que o "que se passou verdadeiramente vai ser agora alvo de uma análise bastante detalhada".
Análise esta que, recorda, "não foi criada pelo primeiro-ministro, está prevista nos regulamentos europeus e está incumbida à entidade que reúne todos os operadores de sistema".
Na opinião do ex-governante socialista podemos então "afastar por completo qualquer relação com o encerramento de centrais a carvão ou com a não existência de centrais nucleares em Portugal. Portugal não tem nenhuma insuficiência de geração nem incapacidade de geração", apesar de as causas oficiais ainda não serem conhecidas.
Já sobre a comparação que tem sido feita com a Ucrânia, que apesar dos ataques russos tem conseguido debelar os problemas energéticos, Galamba explicou que o país espalhou "geradores de 'backup' por todo o país" e que "Portugal não poder ter um gerador e uma central de arranque autónomo a cada esquina".
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