O antigo ministro Ambiente e da Ação Climática João Matos Fernandes descreveu como uma "mentira pegada" dizer que as centrais a carvão fizeram falta durante o apagão de segunda-feira, defendendo que o seu encerramento não tem qualquer relação com a falha generalizada de energia.
"O lóbi do carvão apareceu logo a dizer o que tinha a dizer, só que não tem razão rigorosamente nenhuma. Confundir e tentar confundir as pessoas dizendo que por causa do encerramento das centrais a carvão é que houve o apagão é uma mentira pegada", criticou o antigo governante, numa entrevista à SIC Notícias, na terça-feira.
"Em 2000 ou 2001, em Portugal, houve um 'blackout' menos grave, mas que apanhou toda a metade sul do país e havia duas centrais a carvão. Impediu-se o 'blackout' por causa disso? Houve algum papel dessas centrais? Nenhum", acrescentou, referindo que também em Espanha, onde teve origem o apagão, existem "inúmeras centrais nucleares e a carvão", que nada impediram.
Desta forma, Matos Fernandes destacou a importância de continuar a apostar nas renováveis e a necessidade de Portugal "reduzir a sua dependência energética".
O antigo governante discordou, assim, de opiniões como a manifestada pelo antigo ministro da Indústria e Energia, Luís Mira Amaral, que considerou "prematuro e irresponsável" o encerramento das centrais a carvão.
Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do "apagão".
O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu hoje de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.
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