"Ser sério é não misturar a política com negócios, isso não pode acontecer e aconteceu em Portugal e nós temos o dever de o denunciar. Ninguém se pode queixar no futuro de termos surpresas desagradáveis", argumentou Pedro Nuno Santos, no final do debate televisivo entre PS e AD -- Coligação PSD/CDS-PP, que decorreu na Universidade Nova SBE, em Carcavelos, Lisboa.
O líder socialista rejeitou qualquer comparação entre o caso que envolve a antiga empresa do primeiro-ministro, a Spinumviva, e a empresa detida pelo seu pai, que tem "quase 50 anos" e "um produto que é conhecido no mercado".
"Para além de que a empresa não é minha, nem da minha mulher, nem do meu filho. (...) E aliás, presta-se um mau serviço à democracia quando se tenta misturar duas realidades que não têm nada a ver uma coisa com a outra", criticou.
Pedro Nuno Santos defendeu que sempre teve uma "atitude de total transparência" e não tem "nada a esconder", distanciando-se do presidente do PSD.
Sobre se mantém a intenção de apresentar uma comissão parlamentar de inquérito acerca da polémica relacionada com a Spinumviva, que gerou dúvidas da oposição sobre eventuais conflitos de interesses do primeiro-ministro, o líder socialista reiterou que tal "depende sobretudo de Luís Montenegro".
"O que para mim é evidente é que Luís Montenegro não vai dar os esclarecimentos que faltam até ao final da campanha e, portanto, ela mantém-se prevista", acrescentou.
O antigo ministro socialista afirmou estar concentrado "no país e nas soluções para os problemas dos portugueses" e em garantir estabilidade política, voltando a acusar Montenegro de ser "o principal fator de instabilidade política em Portugal".
"Precisamos de encerrar este capítulo, iniciar um novo ciclo no país", argumentou.
Interrogado sobre se o PS vai garantir estabilidade no caso de perder as eleições, Pedro Nuno respondeu apenas que está concentrado "em conversar com o povo português", apresentar as suas soluções e vencer.
"É só nisso que nós estamos neste momento concentrados e sentimos na força, nas ruas, que nós vamos mesmo ganhar estas eleições", considerou.
O período de campanha oficial arranca a 04 de maio e as eleições legislativas estão agendadas para dia 18.
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