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AR saúda evocação de Saramago no centenário com voto contra do Chega

A Assembleia da República aprovou hoje, com o voto contra do Chega, um voto de saudação apresentado pelo presidente do parlamento pelo centenário do escritor José Saramago.

AR saúda evocação de Saramago no centenário com voto contra do Chega
Notícias ao Minuto

13:40 - 02/12/22 por Lusa

País Governo

O texto apresentado por Augusto Santos Silva mereceu voto favorável de todas as restantes bancadas e deputados.

O voto recorda que se assinalaram em 16 de novembro os cem anos do nascimento de Saramago, "ocasião para saudar e evocar a memória de um dos maiores escritores da língua portuguesa, o único, até hoje, a quem foi atribuído o Nobel da Literatura".

O voto do presidente da Assembleia da República recorda o percurso biográfico de José Saramago -- que morreu em junho de 2010 - , referindo que o escritor, por dificuldades financeiras, teve de abandonar os estudos secundários e frequentar o curso técnico.

"O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico. Em casa, não havia livros, tendo adquirido o seu primeiro livro aos 19 anos, com dinheiro emprestado de um amigo. Na Biblioteca Municipal de Lisboa, que começara a frequentar no horário noturno, alimentava o seu desejo de saber e de instrução literária", refere Santos Silva.

O voto refere que o escritor tinha 25 anos quando publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado, tendo, nas décadas seguintes, sido "funcionário público, tradutor e crítico literário na Seara Nova, publicou poemas e foi jornalista, no Diário de Lisboa e Diário de Notícias, onde exerceu as funções de diretor adjunto"

A partir do momento em que se torna "escritor a tempo inteiro", publicou, em 1980, Levantado do Chão, em 1982, Memorial do Convento, em 1984, o Ano da Morte de Ricardo Reis, e, dois anos mais tarde, Jangada de Pedra.

Em 1989, publicou História do Cerco de Lisboa, e, em 1991, o Evangelho Segundo Jesus Cristo, "obra que foi incompreensivelmente excluída do Prémio Literário Europeu pelas autoridades, motivando o protesto magoado de Saramago, que mudou de residência para Lanzarote, em Espanha", recorda o voto.

Em 1995, Saramago escreve Ensaio Sobre a Cegueira, seguindo-se Todos os Nomes (1997), A Caverna (2000), O Homem Duplicado (2002), Ensaio Sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), A Viagem do Elefante (2008) e Caim (2009).

O voto de Santos Silva recorda também "as suas convicções e militância política, como membro do Partido Comunista Português desde antes do 25 de Abril".

"Não por acaso, são centrais em Saramago o tratamento das pessoas comuns como sujeitos, assim como um questionamento da religião, da nossa cultura e da própria história, bem como da forma como o indivíduo se relaciona com a sociedade. Esta capacidade de questionar, invertendo os termos, contrariando os pressupostos, é essencial na leitura da obra saramaguiana", refere.

José Saramago recebeu múltiplas distinções ao longo da vida, em Portugal e no estrangeiro, destacando-se entre aqueles a atribuição, em 1998, do Nobel da Literatura, por, como explicou a Academia Sueca, "com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia tornar constantemente compreensível uma realidade fugidia".

"A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, evoca o escritor José Saramago, saudando, na data em que se comemora o centenário do seu nascimento, a sua memória, bem como a grandeza e a singularidade da sua obra", lê-se na parte resolutiva do voto.

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