"Portugal não tem recursos para, sozinho, manter uma empresa de aviação"
Manuela Ferreira Leite comentou na TVI 24 a situação que se vive na TAP.
© Reuters
Política Manuela Ferreira Leite
Manuela Ferreira Leite versou, no seu habitual comentário na TVI 24, sobre a situação que se vive na TAP. A ex-ministra das Finanças começou por ser questionada sobre o facto de a transportadora aérea nacional ser a única companhia aérea da Europa que está obrigada a uma reestruturação para receber ajudas e, para esta, isto "explica-se com uma atuação profundamente errada por parte do ministro responsável pela pasta dos Transportes", Pedro Nuno Santos.
"Nós não nos podemos esquecer que a conversa sobre a gestão da TAP se iniciou com o problema de uma atribuição por parte da administração de uns bónus de gestão dados aos gestores da TAP", recordando ainda que "essa atribuição foi contestada pelo Governo, considerando que a TAP não tinha tido os lucros suficientes - até pelo contrário estava a caminho para prejuízos - que justificasse a concessão desses prémios".
Ferreira Leite assinalou que "não critica o facto de o Governo ter criticado" mas sim "a forma como foi feita" essa crítica. "Uma forma pública e muito agressiva. Porque conflitos entre acionistas não será de bom tom que eles sejam feitos na praça pública e estava-se numa fase de negociação", destacou.
Mais à frente no comentário, a também ex-líder do PSD considerou que "foi muito lesivo para o nosso país que se tivesse transmitido publicamente, neste caso para as instâncias europeias, que a empresa estava a ser mal gerida, em vez de se defender que os prejuízos que ela tinha acumulado tinham a ver com a expansão e com um tipo de gestão que olhava para o futuro e não apenas para o presente". "Pelo menos este argumento devia ter sido muito utilizado para que tivéssemos auxílios", frisou.
"Pessoalmente, tenho um receio de que estejamos a tornar a TAP num Novo Banco"
Defendendo que "deve ser público qualquer acordo que se faça com os acionistas ou a nacionalização", a ex-ministra disse que, "no fundo, não sabemos qual é o preço que possa ter uma nacionalização". Mas, para Ferreira Leite, "uma coisa é certa: Portugal não tem recursos para, sozinho, manter uma empresa de aviação. Não tem dinheiro".
"Pessoalmente, tenho um receio de que estejamos a tornar a TAP num Novo Banco. Ficamos todos melindrados quando temos de fazer injeções no Novo Banco, mas a verdade é que isso está num contrato e pura e simplesmente estamos a cumprir um contrato que só conhecemos à posteriori", explicou. "A culpa é que não conhecemos previamente esses contratos e, neste momento, isso é absolutamente essencial".
De recordar que um acordo para a TAP deverá será fechado nas próximas horas. Há uma solução em cima da mesa que afasta Neeleman da TAP em que o Estado passará a ter mais de 70% do capital da companhia aérea e o outro acionista, Humberto Pedrosa, ficará com os restantes 30%. Se esta 'nova' estrutura acionista se confirmar, está afastado o cenário de nacionalização.
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