De acordo com Marina Mortágua, durante os últimos dois dias a "prioridade do Governo" não foi "descer o preço das casas, resolver o problema das urgências, proteger os mais idosos da onda de calor", mas sim a lei da nacionalidade.
A responsável política falava em Ponta Delgada na sessão de encerramento da Convenção do BE/Açores, onde António Lima foi reconduzido na liderança da estrutura regional pela terceira vez.
"É a proposta de lei número um. Foi o primeiro Conselho de Ministros desse Governo, dificultar o acesso de crianças da China que vivem em Portugal à cidadania portuguesa", afirmou.
A coordenadora do Bloco acusou o executivo de "andar atrás da agenda da extrema-direita".
António Lima, por seu turno, acusou o Governo Regional de ter tido "condições únicas para salvar a companhia aérea, com o apoio do Chega", mas "cometeu a proeza de torrar 453 milhões de euros em ajudas públicas à SATA".
"E hoje a SATA está pior do que estava em 2020. Os salários em atraso no mês de junho e as crescentes dificuldades de tesouraria da empresa são um sério sinal de alarme. Perante isto, o secretário regional das Finanças afirma que a SATA Internacional ou é privatizada ou é fechada", disse António Lima.
O coordenador regional do BE considerou que as dificuldades da SATA, "para além da má gestão e da permanente ingerência política na gestão diária, devem-se ao modelo de transporte aéreo criado ainda no tempo de Passos Coelho", o que "custa milhões todos os anos e vai custar a SATA".
António Lima afirmou que "chegada ao Governo Regional, o que a direita fez foi aumentar a dívida pública para baixar impostos sobre os lucros e sobre os mais ricos".
"Tapou o buraco que a redução de impostos aos mais ricos deixou no orçamento com dívida pública - 900 milhões de euros em 4 anos. Este Governo Regional é, por isso, uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: baixou os impostos aos ricos para endividar pobres e remediados", frisou.
Segundo Lima, a "grande maioria dos açorianos não beneficiou da redução de impostos, mas vai pagar essa dívida", sendo "uma das consequências" os Açores serem "a região mais desigual do país".
As autárquicas estiveram também na agenda, com o líder do BE/Açores a afirmar que vai "defender uma política autárquica que garanta o direito à habitação, a proteção do ambiente e a mobilidade".
O dirigente referiu que foi feito "um esforço real de convergência entre os partidos de esquerda nos Açores nestas autárquicas", mas reconhece que "na maioria dos casos, essa convergência não terá lugar antes das eleições".
Contudo, diz que será "possível na política concreta do dia a dia"
"Continuamos disponíveis para o diálogo em Ponta Delgada para que seja possível, em comum, dar finalmente um rumo progressista a Ponta Delgada", concluiu.
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