"O que pretendemos é que o Governo faça e torne público um estudo de impacte ambiental referente à expansão do aeroporto", afirmou Manuel Grilo, explicando que a Câmara Municipal de Lisboa deve questionar o executivo sobre isso.

Além de querer interpelar o Governo, o vereador do BE na autarquia, Manuel Grilo, sugeriu numa proposta escrita à autarquia que "a Câmara Municipal de Lisboa crie uma rede complementar de monitorização da qualidade do ar na zona envolvente do aeroporto, para que sejam conhecidos, em tempo real, os poluentes e, ao mesmo tempo, o ruído naquelas zonas, resultados que devem estar disponíveis para consulta de qualquer pessoa".

Outra das propostas dirigida à autarquia é que se "proceda à revisão e atualização do Plano de Ação de Ruído de Lisboa, em colaboração, evidentemente, com entidades da academia e da saúde, para que haja medidas de prevenção e de correção da poluição sonora no aeroporto", adiantou o bloquista em declarações à agência Lusa.

Aguardando agendamento para votação na Câmara Municipal de Lisboa, as propostas do vereador Manuel Grilo têm em conta os planos de expansão do Aeroporto Humberto Delgado, em que se prevê "aumentar em mais de 1/3 a área do próprio aeroporto".

"Vamos passar de 500 para 700 hectares, que se prevê mais 12 milhões de passageiros, de 30 milhões atuais para 42 milhões, de 40 aviões por hora para cerca de 50 aviões por hora, sendo que este aumento é de aviões maiores, que emitem mais ruído e que, naturalmente, fazem mais poluição, portanto é necessário que se estabeleça o que for possível, no sentido de minorar o problema desta expansão", referiu o vereador do BE, reforçando a necessidade de tornar público o estudo de impacte ambiental "que permita uma avaliação desta expansão do aeroporto".

Na proposta escrita, o bloquista refere que "a presença de um aeroporto, no centro da cidade de Lisboa, constitui, necessariamente, um especial motivo de atenção, pelo impacto que representa na saúde e qualidade de vida da população que vive e trabalha na cidade".

Lembrando o crescimento de passageiros no aeroporto Humberto Delgado, que entre 2010 e 2019 "duplicou de 15 milhões para 30 milhões, aumentado obviamente o número de voos", Manuel Grilo considerou que em Lisboa se verifica "a particularidade de haver uma grande concentração populacional, tanto residencial, como de escolas, hospitais, escritórios, na zona envolvente do aeroporto, situação bem díspar da restante realidade europeia".

"Estudos científicos sobre o impacto do ruído e da poluição atmosférica na saúde em várias cidades europeias comprovam que estes afetam, designadamente a qualidade do sono e o sistema cardiovascular, podendo causar: lesões vasculares devido ao stress oxidativo, hipertensão artéria, morte celular no sistema cerebrovascular no desempenho cognitivo das crianças, no sistema reprodutivo, no sistema respiratório", acrescentou o vereador bloquista.

Em 8 de janeiro, a ANA -- Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Aeroporto Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.

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