Aproximação dos EUA à Coreia deve-se a "mudança de posição" da China
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas atribuiu hoje a aproximação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América (EUA) à "mudança de posição" da China, resultante de uma "forte pressão" norte-americana.
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Política Paulo Portas
"Ate à mudança de posição da China, sobre uma forte pressão dos Estados Unidos, política e comercial, não havia hipótese nenhuma de acordo com a Coreia do Norte e nós de mês a mês acordávamos com a notícia que tinha sido disparado mais um míssil norte-coreano", afirmou o ex-governante, em Vila Nova de Famalicão quando questionado sobre o possível acordo entre a Coreia de Norte e os EUA.
À margem de um fórum dedicado à Economia, Paulo Portas considerou que "agora há uma possibilidade de acordo" entre as duas potências, estando já agendada para Singapura, a 12 de junho, um encontro entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Segundo Portas, a China "não tem interesse numa Coreia do Norte que seja uma permanente 'trouble maker' do mundo", até porque, desenvolveu, "se a Coreia do Norte tiver um programa nuclear para se defender, a Coreia do Sul também tem que ter e o Japão também".
"Foi isso que levou a uma mudança de cenário, agora saber o que é um eventual acordo, isso é muito difícil", referiu, lembrando que "nos últimos 25 anos o regime norte-coreano "usou muito a dissimulação" e que agora "a Coreia do Norte de um dia para o outro substituiu um discurso belicista, ameaçador e exibições militares da sua força nuclear, por um discurso de disponibilização para um acordo".
Além da mudança de posição da China, para o ex-responsável pela diplomacia portuguesa o facto de a Coreia do Norte ter já um programa nuclear desenvolvido também é um fator preponderante para a realização daquele encontro.
"A Coreia do Norte, hoje em dia, está em condições de ter um programa nuclear, de ter os respetivos mecanismos de propulsão e de atingir outros continentes. É muito diferente chegar à mesa das negociações com a bomba nuclear ou ser forçado a ir a negociações sem esse programa nuclear", salientou.
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