Belmiro de Azevedo morreu, esta quarta-feira, aos 79 anos. O empresário português – que em 1965 entrou para a Sonae, empresa da qual viria a tornar-se líder histórico – encontrava-se internado no Hospital da CUF, no Porto, devido a complicações do trato respiratório.
Com uma fortuna avaliada em 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros), Belmiro de Azevedo ocupou, em 2017, o lugar de quarto mais rico de Portugal e a posição número 1.376 a nível mundial, de acordo com a revista Forbes.
Dono do império Sonae, que detém os hipermercados Continente, o empresário será lembrado pela personalidade forte e desafiadora. Além do Continente, o Grupo Sonae é dono da Worten, da SportZone, da Sonae Sierra e do jornal Público, entre outros. A liderança do império havia passado já para o seu filho Paulo Azevedo.
Filho de um carpinteiro/agricultor e de uma costureira, Belmiro de Azevedo dizia de si próprio ter “fama de rico, mas comportamento de pobre”. Não nasceu num ‘berço de ouro’, longe disso. A sua carreira começou como operário na empresa fabril Efanor, na altura em que se licenciava em Engenharia Química Industrial.
Meses mais tarde, em 1965, integrou a Sonae, fundada por Afonso Pinto de Magalhães e que chegou a apontar como uma empresa “falida”. Só em 1994 a família Magalhães viria a sair da empresa, fazendo de Belmiro de Azevedo “o chefe da tribo”, como o próprio se apelidou, referindo-se às disputas pelo controlo da empresa que se seguiram ao 25 de Abril.
As reações à morte de um dos maiores empresários portugueses
No dia que assinalou a morte de um dos empresários mais marcantes de Portugal, as reações sucederam-se. Palavras elogiosas fizeram-se ouvir das mais diversas alas e setores de atividade. No Parlamento, foi inclusivamente aprovado um voto de pesar, que ficou marcado pelo voto contra do PCP e a abstenção do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista Os Verdes.
O Presidente da República escreveu uma curta nota no site da Presidência, referindo-se a “uma figura marcante do meio empresarial e da sociedade portuguesa”. Às palavras de homenagem de Marcelo Rebelo de Sousa juntaram-se as do ex-chefe de Estado Cavaco Silva, que o descreveu como “uma personalidade marcante e uma voz livre”.
“Um homem com uma notável capacidade de trabalho”, “uma grande perda para Portugal” e “o maior empresário português do pós-25 de Abril”. Assim se refiram ao empresário, por seu turno, o ministro da Cultura, Castro Mendes, o ministro da Economia, Caldeira Cabral, e antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga.
O principal partido da oposição (PSD) reagiu através de um comunicado, em que pode ler-se que Belmiro "foi uma das mais marcantes figuras empresariais do período democrático". Já o CDS descreveu-o como “um empreendedor ímpar em Portugal”.
“Belmiro é a pessoa que mais admirei nos últimos 30 anos do país”, fez sobressair o político e advogado António Lobo Xavier. Destaque também para as palavras de Soares dos Santos, fundador da Jerónimo Martins, que salientou não considerar Belmiro de Azevedo “um concorrente, [mas] sim um grande empresário”.
Palavras de apreço foram ainda proferidas pelos sociais-democratas Rui Rio e Pedro Santana Lopes, presidente do FC Porto, Pinto da Costa, o social-democrata Silva Peneda e o presidente da Mota-Engil, António Mota, bem como pelo antigo ministro da Economia Pires de Lima, o ex-ministro da Economia Daniel Bessa e o fundador da Delta Cafés, Rui Nabeiro.
Instituições como a CMVM, a Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Federação de Andebol de Portugal, a Porto Business School, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e o Conselho Metropolitano do Porto prestaram homenagem àquele que foi um dos mais marcantes empresários que o país conheceu.
O velório e a morte da irmã
O velório de Belmiro de Azevedo realizou-se na quarta-feira na Paróquia de Cristo Rei, no Porto.
A missa de corpo presente decorrerá no mesmo local, esta quinta-feira, pelas 16 horas, seguida de uma cerimónia fúnebre reservada à família.
No mesmo dia em que Belmiro de Azevedo cedeu às complicações de saúde, também a irmã mais velha perdeu a vida. Ana Augusta Azevedo, estava internada no Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto.