A Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos foi surpreendida quando Marta Lopes, porta-voz da Farmácia Central do Cacém, no concelho de Sintra, bateu à porta para conhecer o local.

Por ter a seu cargo a política de responsabilidade social da farmácia, Marta informou-se junto da Junta de Freguesia do Cacém quanto à existência de associações na zona que precisassem de ajuda.

“A Junta de Freguesia indicou-nos três associações. Eu visitei a primeira e fiquei apaixonada”, conta Marta ao Notícias ao Minuto, explicando que se trata de uma associação que é a casa de 64 pessoas com patologias, na sua maioria, ao nível da paralisia cerebral.

Lurdes Matos, a diretora-geral da Associação, confessa que ficou “emocionada” quando Marta lhe propôs ajuda. “Ainda há pessoas boas neste país que ajudam por iniciativa própria, sem termos de pedir”.

Mas afinal em que se concretizava esta ajuda? Simples. Em remodelar uma divisão do complexo onde 64 utentes passam os seus dias – 56 em regime de internato.

A divisão escolhida por Lurdes foi o bar, o local preferido dos utentes. “Eles adoram o bar. Às vezes até fazem birra para irem beber café”, disse a responsável por este local que, garante, é a “família” que escolheu.

Assim, os funcionários da Farmácia Central do Cacém puseram as mãos na ‘massa’ e, no fim de semana prolongado a propósito do feriado 25 de Abril, tornaram o bar num lugar novo e mais acolhedor.

“Funcionários da farmácia, pais, amigos, namorados e maridos. Recrutámos uma legião de pessoas e lá fomos nós. Falei com uma amiga minha que é designer de interiores, com o senhor Zé que é pedreiro e com o meu marido que adora bricolage! Fechei um orçamento, fiz uma lista do que precisávamos e fui às compras”, recorda Marta.

E em apenas dois dias, o bar foi totalmente transformado. As paredes mudaram de cor, os candeeiros foram substituídos, os móveis renovados e até foi criado um espaço mais intimista de descanso para os 60 funcionários da associação.

Os 11 funcionários da farmácia levaram os “pais, amigos, namorados e maridos”. Toda a gente ajudou e o resultado foi um espaço renovado com a “boa-vontade” de todos e um orçamento de mais de 2 mil euros suportado pela farmácia.

Durante os dois dias de obras ninguém da associação entrou no bar. Era uma surpresa. Findos os trabalhos de remodelação a comoção era geral, em especial por parte dos utentes cuja média de idades ronda os 45-50 anos.

“Eles ficaram tão contentes. Tenho pena de não ter gravado o momento. É o lugar preferido deles porque para lá irem têm de sair da casa e passar pelo jardim. É o momento deles, o ir beber café depois de almoço”, conta Lurdes, explicando que ir ao bar é um momento também de solidariedade, pois os utentes mais autónomos “ajudam a empurrar as cadeiras de rodas” daqueles que não conseguem andar.

Felizes e satisfeitos com o trabalho ficaram também os funcionários da farmácia. “Ao fim destes dias estávamos cansados, com dores musculares, mas felizes por ajudar aquelas pessoas que ali vivem e que têm tão pouco. Valeu a pena”, garante Marta.