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Banco Alimentar do Porto animado na expetativa de chegar às 400 toneladas

Várias centenas de voluntários responderam à chamada e compareceram durante o fim de semana no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome do Porto, que esta tarde fervilhava de atividade na expectativa de atingir as 400 toneladas de alimentos recolhidos.

Banco Alimentar do Porto animado na expetativa de chegar às 400 toneladas
Notícias ao Minuto

21:38 - 04/12/16 por Lusa

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"Até ontem [sábado] já tínhamos mais oito toneladas (mais 3%) do que no ano passado, num total de 205 toneladas. Domingo costuma ser mais fraco, mas queria chegar muito próximo das 400 toneladas", afirmou o presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) do Porto em declarações à agência Lusa, num primeiro balanço da segunda campanha anual de recolha de alimentos da instituição, que decorreu na quinta-feira, sábado e hoje.

Segundo António Cândido Silva, na campanha de dezembro do ano passado foi recolhido um total de 350/360 toneladas, mas a campanha deste ano está "a correr muito bem". E -- admitiu - se é verdade que o Banco Alimentar "não faz campeonatos" nem se propõe bater recordes, o facto é que "quanto mais bens adquirir, a mais famílias e pessoas consegue chegar".

"Há muita gente que pensa que o Banco Alimentar só funciona duas vezes por ano, nas campanhas de recolhas de alimentos, mas os bancos alimentares funcionam cinco dias por semana, quatro semanas por mês, 12 meses por ano, sem intervalos. Aqui no Porto são cerca de 10 a 15 toneladas que saem diariamente destas instalações, quer em produtos secos, quer em produtos frescos", destacou.

Descrevendo as duas campanhas anuais promovidas pela instituição como "uma festa da partilha em que toda a gente se junta e concentra a sua solidariedade", António Cândido Silva salientou as 69 mil pessoas que o BACF ajuda mensalmente no distrito do Porto através de 411 instituições de solidariedade, o que faz da estrutura do Porto o Banco Alimentar do país que mais instituições apoia, tendo ainda assim "uma longa lista de espera".

Este ano a campanha de recolha de alimentos decorreu em mais de 250 super e hipermercados do distrito, pela primeira vez (tal como em Lisboa) ao longo de três dias (contra os habituais dois), envolvendo "uma logística de cerca de 3.000 pessoas no armazém e nos supermercados".

Olhando em volta para o cenário de aparente caos - em que dezenas de voluntários faziam a triagem de alimentos ao longo de um tapete rolante e iam enchendo enormes grades com embalagens de leite, massas, arroz, açúcar, óleo, azeite e conservas, aparentemente alheios à azáfama das inúmeras empilhadoras que, a ritmo acelerado, transportavam caixas e paletes pelo armazém -- António Cândido destacou o "entusiasmo" e a "alegria" latentes no que garante ser uma "festa da dádiva".

"Os portugueses são um povo muito solidário e provam-no, mesmo apesar das suas dificuldades eles mostram que a solidariedade é um ponto muito importante", disse à Lusa.

A prová-lo, Ângela voltou este ano a ocupar no armazém do Porto o seu posto de voluntária responsável pela área de triagem do leite, onde foi "encaixada" pela primeira vez "há sete ou oito anos" e ao qual regressa sempre nas duas campanhas anuais do Banco Alimentar.

"Trabalho de segunda a domingo, com duas folgas semanais, numa das instituições de solidariedade que usufrui dos cabazes do Banco Alimentar e, nesta altura, peço sempre as folgas para este fim de semana. Tenho noção de que realmente há muita gente que precisa e esta é uma pequena ajuda. Se dantes ia ao supermercado e entregava o que achava que devia entregar, neste momento dá-me prazer estar aqui", explicou à agência Lusa.

Convicta que "há muito mais gente a precisar [de ajuda] do que aquilo que se imagina", porque "há muitas pessoas que não têm como pedir ou não têm coragem" de o fazer, Ângela faz um balanço positivo da campanha deste ano, quer em termos das quantidades recolhidas, quer dos voluntários aderentes: "Ontem [sábado] correu muito bem, tivemos aqui voluntários até às 02:30 da manhã. Ao domingo à noite há menos pessoas porque se trabalha no dia seguinte, mas este ano ainda não senti poucos voluntários, o trabalho está bem dividido", disse.

No outro extremo da cadeia de recolha de alimentos, num supermercado do Porto, a brasileira Rosa Ueno, há dois anos a viver em Portugal, entregou ao grupo de escuteiros ali encarregue de recolher os donativos um saco com massas, açúcar e bolachas.

"Costumo sempre ajudar. No Brasil temos muitas ações porque é um país muito carente e a quem tem um pouco mais não custa doar um pouco", disse à Lusa, descrevendo "o povo português" como "muito solidário", sobretudo "nesta época de Natal, que remete para a família".

Para Ricardo Samagaio, que contribui regularmente para as campanhas do Banco Alimentar "para ajudar o próximo" e que este ano voltou a fazê-lo, é notório que existem hoje "muitas pessoas em dificuldades": "No meu dia-a-dia vejo muitas pessoas sem-abrigo a necessitar de alimentação e roupa e, se todos contribuirmos de alguma forma, ajudamos quem precisa", sustentou.

Em 2015, o Banco Alimentar Contra a Fome do Porto distribuiu 4.984 toneladas de alimentos e prestou assistência a 418 instituições e mais de 90 mil pessoas, sendo que, a nível nacional, os vários bancos alimentares do país distribuíram 27.370 toneladas de alimentos a 2.700 instituições, que os entregaram a perto de 420 mil pessoas carenciadas, sob a forma de cabazes ou refeições confecionadas.

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