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Cáritas considera persistência da fome no mundo "um escândalo"

A Cáritas considera que a persistência da fome no mundo é "um escândalo", particularmente em África, o continente mais atingido pelo flagelo, apesar da existência de recursos naturais, disse o presidente da organização em Portugal, Eugénio Fonseca.

Cáritas considera persistência da fome no mundo "um escândalo"
Notícias ao Minuto

08:40 - 25/06/16 por Lusa

País Pobreza

"A Cáritas olha para esse problema como um escândalo, porque é uma expressão excessivamente dolorosa e incomensuravelmente indescritível que possa ainda, apesar dos recursos e da exploração que se tem feito desses mesmos recursos naturais, haver gente que passe fome no mundo", declarou à Lusa o presidente da Cáritas Portugal, organização ligada à Igreja Católica que atua em dezenas de países.

Para Eugénio Fonseca, essa questão torna-se mais escandalosa "quando essa fome se circunscreve a muitas zonas em que os recursos poderiam ser suficientes para que não houvesse fome e mortes, se não fossem as atitudes assumidas por parte de outras nações mais poderosas".

"Estou a referir-me a uma política agrícola mundial muito mal estruturada e em função de servir o melhor possível os países mais ricos e também tudo aquilo que se tem feito em termos de tomada de consciência, com múltiplas cimeiras totalmente inúteis a propósito das alterações climáticas", acrescentou.

Segundo dados do relatório "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015", publicado pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), cerca de 795 milhões de pessoas ainda passam fome e estão subnutridas no mundo.

Só na África subsaariana, cerca de 220 milhões de pessoas estão em situação de subnutrição. Esta região é a que possui a maior prevalência de subnutrição do mundo (23,2%), com cerca de uma em cada quatro pessoas.

"A Cáritas tem feito uma pressão muito forte junto das instâncias, nomeadamente no que diz respeito às Nações Unidas, e ainda há um ano fez uma campanha mundial designada 'Uma só família humana, alimento para todos' para chamar a atenção do problema da fome, da baixa produtividade agrícola e das consequências climáticas existentes em África", disse.

Para Eugénio Fonseca, "nesses países em que há períodos de seca muito graves, que dificultam também a produção agrícola, essas são cada vez mais frequentes e mais gravosas em consequência das alterações climáticas".

"Desde 2013, 106,42 milhões de pessoas em todo o mundo já se beneficiaram de programas de alimentação da Cáritas, daquilo que chamamos segurança alimentar, na distribuição de alimento, de sementes, em programas de nutrição para que depois haja maiores níveis de saúde e na formação dos agricultores", disse Eugénio Fonseca.

Segundo o presidente da Cáritas Portugal, trata-se de países que "têm uma agricultura muito rudimentar, braçal e feita em terrenos muitas vezes difíceis", sendo necessário mais formação e recursos tecnológicos para se conseguir uma agricultura mais sustentável e prolongada no ano, para não estar mais sujeita às condições climatéricas, como já acontece nos países ricos.

Eugénio Fonseca também sublinhou que se está "diante de uma situação em que o mundo, conscientemente, tem estado a explorar países mais pobres para que outros fiquem mais ricos" e essa situação tem de ser revertida.

A Cáritas, em Portugal e no mundo, promove várias ações e campanhas de solidariedade que se destinam às pessoas mais desfavorecidas, quer por desastres naturais ou por catástrofes humanas.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), cerca de 50 milhões de pessoas na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) precisam atualmente de assistência humanitária: alimentação, medicamentos e água, em particular Moçambique, Malaui, África do Sul, Zâmbia e Zimbabué, e esse número pode vir a aumentar nos próximos meses.

Outras organizações, como a OXFAM e a FAO, indicam entre 40 a 50 milhões de pessoas afetadas pela insegurança alimentar neste momento na África Austral.

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