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Tecnologia na infância: Não há que "diabolizar" mas convém "ponderar"

Entre riscos e potencial, os pais não devem ignorar que nas mãos dos mais pequenos os brinquedos estão a ser cada vez mais substituídos por aparelhos tecnológicos.

Tecnologia na infância: Não há que "diabolizar" mas convém "ponderar"
Notícias ao Minuto

08:00 - 01/06/16 por Carolina Rico

País Dia da Criança

Os tablets, telemóveis e smartphones estão a entrar cada vez mais cedo na vida das crianças. Todas parecem sentir-se atraídas pelos ecrãs e ter uma capacidade inata para interagir com o digital mas será este hábito mais benéfico ou prejudicial?

Em Dia da Criança, o Notícias ao Minuto perguntou a vários especialistas e pedopsiquiatras a sua opinião sobre o tema e obteve posições distintas com um ponto em comum: O perigo não está no objeto mas sim no uso que se faz dele.

Para Nuno Lobo Antunes, especialista em perturbações do desenvolvimento, “tudo aquilo que for feito com conta, peso e medida provavelmente terá mais benefícios do que malefícios”.

“Substituir o cuidado das crianças pelas tecnologias parece-me claramente desajustado e desadequado, mas diabolizar as novas tecnologias parece-me demasiado extremista retrógrado. Pode privar as crianças de instrumentos que podem ser muito úteis na sua educação”.

O pais não têm de impedir os mais pequenos de jogar e ver vídeos a partir de um dispositivo móvel, mas devem, diz o psiquiatra, controlar o tempo e sobretudo, o conteúdo.

No YouTube, por exemplo, os jovens estão mais vulneráveis a conteúdos inapropriados que lhes podem ser sugeridos mesmo ao lado de vídeos infantis, pelo que o acompanhamento dos pais é necessário.

Por outro lado, Nuno Lobo Antunes não acredita que seja desadequada a interação com vídeos ou jogos que não estejam em português até porque a “exposição precoce a a uma língua como o inglês pode ajudar mais tarde”.

“As crianças que estão excessivamente dependentes da tecnologia têm geralmente dificuldades de componente social e é difícil perceber o que é que nasceu primeiro: se foram os jogos que provocaram a tendência para ter mais dificuldades nas interações sociais e daí tirar menos prazer ou se essa tendência já existia”, explica.

“Há sempre alguma desconfiança das gerações anteriores, os adultos têm receio daquilo que é desconhecido” por não terem crescido com as tecnologias, mas “são os próprios miúdos  que escolhem a forma como querem brincar” e isso deve ser respeitado, considera o especialista.

“Antigamente também não se recomendava a leitura de romances às raparigas porque lhes inflamava o espírito”, ironiza.

Na opinião da pedopsiquatra Ana Vasconcelos, tablets e smartphones não se podem usar como uma chucha, ou seja, como um calmante rápido”.

Ao tentar entreter com estes dispositivos uma criança aborrecida num restaurante, por exemplo, os pais “estão fazer uma confusão na cabeça do filho”.

“Estão a recompensar uma reação que muitas vezes é apenas uma ‘birra’, sinal de que a criança não está a aguentar uma frustração, e não é com um tablet que esta vai aprender a ter mais resiliência para lidar com as contrariedades, mas sim com a relação com o outro”.

Ana Vasconcelos diz que tanto as crianças como os adultos começaram a “consolar-se sozinhos com objetos” interativos. “Os pais não podem esquecer-se que essas tecnologias podem fechar as crianças no mundo delas e dificultar o desenvolvimento da linguagem e da comunicação”, alerta.

E tudo começa pelo exemplo dos pais ou irmãos mais velhos. A partir do momento em que os educadores fazem um uso muito frequente dos dispositivos móveis, o uso dos mais pequenos “é inevitável”, até porque estes “são objetos muito apelativos desde muito cedo”.

Os tablets, smartphones e computadores não têm de ser banidos da vida das crianças mas o seu uso deve ser regrado e “ponderado”, considera.

“Os pais têm de ser uma bússola empática e não podem abdicar de ser educadores dos filhos. Uma máquina não dá afeto, dá apenas distração e faz o tempo passar”.

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