Cáritas define prioridades para erradicar pobreza
Entreajuda familiar, concertação e planeamento deveriam ser a prioridade no seio de uma estratégia para a erradicação da pobreza, defende o presidente da Cáritas Portugal, que hoje apresenta as várias medidas no decorrer de uma conferência em Lisboa.
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País Solidariedade
A conferência decorre durante o dia de hoje e é a terceira sobre o tema "Portugal no 1.º Quartel do Século XXI -- Estratégias Rumo ao Futuro", organizada pelo Núcleo Impulsionador das Conferências da Cooperativa Militar (NICCM), em colaboração com a Ordem dos Engenheiros, Associação 25 de Abril, Plataforma de Associações da Sociedade Civil e a Fundação Calouste Gulbenkian.
O presidente da Cáritas Portugal vai falar sobre "A pobreza em Portugal no século XXI: principais causas e consequências sociais. Medidas de combate eficazes do flagelo com salvaguarda da dignidade humana", onde apresenta o que deveria ser uma estratégia para a erradicação da pobreza.
No entender de Eugénio Fonseca, a estratégia implica três patamares (básico, intermédio e estatal) e três domínios (social, económico e político) que se cruzam entre si e resultam em nove conjuntos de atividades, que seriam orientados "para essa erradicação de maneira sistemática e baseada no entendimento possível".
"A prioridade poderia ser atribuída à entreajuda familiar, no primeiro patamar, à concertação, no segundo, e ao planeamento, no terceiro", defende o presidente da Cáritas.
Cruzando os patamares com os domínios, e começando com o patamar básico que cruza com os domínios social, económico e político, Eugénio Fonseca aponta a entreajuda, a luta pela subsistência e a democracia de base, respetivamente.
Avançando para o patamar intermédio e cruzando com os mesmos domínios, obtém-se a atividade das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), atividade da concertação social e atividade dos partidos políticos, respetivamente.
Por último, no patamar estatal (central e autárquico), que cruza igualmente com os domínios social, económico e político, resulta as atividades do Estado social, atividades relacionadas com o respetivo sistema e o planeamento, respetivamente.
"Todas elas se relacionam e complementam entre si", aponta Eugénio Fonseca, exemplificando que a entreajuda familiar é indissociável do voluntariado de proximidade ou que a concertação social é indissociável da vida empresarial e sindical, bem como da negociação coletiva.
"Talvez possamos afirmar que promoveríamos a erradicação da pobreza se desenvolvêssemos, pelo menos, estes nove conjuntos de atividades", defende Eugénio Fonseca, acrescentando que "só com estes três conjuntos de atividades ficaria assegurada a atuação".
Para dinamizar estas medidas, Eugénio Fonseca entende que é necessário haver consciência sociocultural e compromisso operativo, a primeira, tanto pessoal como coletiva, a abranger os problemas, as soluções e avaliações periódicas e a segunda traduzindo-se na ação direta de cada pessoa e das diferentes organizações.
O presidente da Cáritas admite que "é quase impossível a identificação de medidas eficazes, num contexto em que as forças sociopolíticas se encontram tão divididas e tão auto-suficientes".
Diz também que "o problema da pobreza começaria talvez a ser assumido (...) se fosse considerado como realidade estruturante, a transformar".
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